Casal é agredido por policial enquanto esperava atendimento para filho de 3 anos em hospital do Rio

Vitimas receberam socos, tapas e chutes; mãe da criança chegou a ser jogada no chão ao ser puxada pelos cabelos

Escrito por Redação ,
Agressão
Legenda: Casal é agredido por policial militar com socos, tapas e chutes enquanto esperava atendimento médico para o filho de 3 anos
Foto: Arquivo Pessoal

Um casal foi agredido por um policial militar em um hospital municipal do Rio de Janeiro enquanto esperava atendimento médico para o filho. Um vídeo divulgado pelo jornal O Globo mostra o oficial atingindo as vítimas com socos, tapas e chutes. 

VEJA VÍDEO DO MOMENTO EM QUE CASAL É AGREDIDO:

O caso aconteceu na noite do dia 8 deste mês, no Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. As vítimas, no entanto, registraram boletim de ocorrência apenas nesta quarta-feira (19).

Francisco Borges disse ao O Globo que ele e a mulher, Viviane Magalhães, levaram o filho de 3 anos para receber atendimento após a criança cair de uma escada e sentir muita dor na perna. Ao chegarem à unidade de saúde, o menino precisou fazer um exame de raio-X.

Após receber o resultado, Francisco procurou os médicos para entregá-lo, mas não os encontrou. Os profissionais de saúde estavam fazendo uma ronda para atender pacientes internados. Sendo assim, ele deixou a radiografia em uma sala com os enfermeiros.

"O médico simplesmente disse que o raio-X sumiu e não faria outro porque meu filho é uma criança, e a radiação poderia fazer mal a ele. Então eu perguntei o que seria feito e eles falaram que iriam cortar a perna do meu filho para colocar o osso no lugar, pino, essas coisas", disse Francisco.

"Eu entrei em desespero e não aceitei eles fazerem uma cirurgia sem ver o raio-X, disse que não iria deixar. Como pai, eu me senti muito angustiado, vi o lado do meu filho, a dor que ele iria sentir, e a recuperação como ia ser. Não deixei fazer a cirurgia pela falta do raio-X". 

Após a recusa, Francisco disse que levaria o filho embora e uma discussão começou no local. Os médicos defendiam que a criança precisava ficar e realizar o procedimento. Neste momento, o policial identificado como Leonardo Pinto de Aguiar surgiu e começaram as agressões.

"Quando eu estava deixando a sala onde eu estava conversando com os médicos, surgiu um policial militar. Ele apareceu com uma camisa verde, não chegou totalmente fardado, e começou a me agredir com o meu filho no colo. Meu filho estava com o fêmur quebrado, ele começou a me agredir. Nisso a minha mulher tirou o meu filho dos meus braços e ele me bateu muito", conta Francisco.

No vídeo feito por testemunhas, é possível ver que Viviane tentou defender o marido e separar a briga, mas levou um soco no rosto e foi jogada no chão, sendo puxada pelos cabelos. 

"Eu cheguei para separar e ele me deu um soco na cara, pegou o meu cabelo e me jogou no chão com tanta força que eu até bati o rosto no chão. Na hora eu ainda levantei e tentei separar de novo, porque ele ainda estava agredindo, até chegarem os policiais da 16ª DP", disse Viviane. 

Com a chegada de outros policiais, Francisco foi levado à 16ª DP para prestar depoimento. Passado um tempo, Leonardo apareceu na delegacia e deu ordem de prisão contra ele. O agente algemou o homem, que permaneceu assim de meia-noite às 4h30, segundo a vítima. 

Vítima
Legenda: Vítima agredida por policial militar foi levada a delegacia e alega ter ficado algemado por cerca de 4 horas e meia
Foto: Arquivo Pessoal

Polícia Civil investiga o caso

Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro disse que autor foi identificado e será intimado a prestar depoimento. Além disso, uma investigação está em andamento.

A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que a Corregedoria Geral da Corporação, através da 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), já tomou ciência do fato e instaurou um procedimento apuratório interno sobre o caso.

O policial envolvido não foi encontrado para comentar as imagens divulgadas. 

"Despreparo emocional"

A defesa das vítimas, por sua vez, alegou em nota divulgada que “o policial demonstrou total despreparo emocional”.

"Os advogados que representam as vítimas, informam que os fatos já foram levados ao conhecimento da Polícia Civil, que irá apurar a conduta do Policial Militar, autor das agressões, que demonstrou total despreparo emocional, na medida em que emprega de violência desproporcional, vitimando pessoas que estavam no local aguardando atendimento de emergência para um filho. Notadamente, os fatos apresentados nas imagens corroboram com a versão das vítimas, podendo, em tese, configurar os crimes previstos na Lei de Abuso de Autoridade, além da Lesão corporal. É importante que a Secretaria de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro se manifeste e tome as providências cabíveis, para apuração da conduta do militar”, diz o comunicado.

Também em nota, o Hospital Municipal Lourenço Jorge afirmou que "não tem gestão sobre o policial militar, que não atua na unidade e estava de passagem, acompanhando um paciente custodiado, quando se envolveu na situação. Questionamentos sobre a conduta do agente devem ser encaminhados ao comando da Polícia Militar. A direção da unidade repudia qualquer ato de violência e está à disposição da autoridade policial para auxiliar no que for solicitado na apuração dos fatos". 

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