Ucrânia convoca militares reservistas e prepara estado de emergência
Diante da ameaça russa, o país decidiu mobilizar os reservistas do exército com idades entre 18 e 60 anos
A Ucrânia convocou, nesta quarta-feira (23), os reservistas do país e solicitou que os cidadãos ucranianos saiam da Rússia. Os anúncios acontecem no momento em que o medo de uma invasão iminente por parte de Moscou aumenta, após Vladimir Putin reiterar que não cederá as exigências, apesar das sanções ocidentais.
Diante da ameaça, a Kiev organiza a mobilização de reservistas do exército com idades entre 18 e 60 anos. Além disso, o conselho de segurança ucraniano pediu ao Parlamento a instauração do estado de emergência.
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Os anúncios representam o capítulo mais recente na escalada de tensões entre Ucrânia e Rússia, a maior crise geopolítica na Europa desde o fim da Guerra Fria.
Há várias semanas, a Rússia mantém 150.000 soldados na fronteira com a Ucrânia e na segunda-feira reconheceu a independência de dois territórios separatistas: as autoproclamadas 'repúblicas' de Donetsk e Lugansk. O anúncio intensificou as acusações de que o país prepara um ataque em grande escala contra o vizinho.
Interesses russos não negociáveis
Na terça-feira (22), o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, que pediu armas e garantias sobre a adesão à União Europeia, também mencionou a possibilidade de romper relações diplomáticas com Moscou.
Na Rússia, Putin, apesar da série de sanções anunciadas pelos países ocidentais, prometeu que não cederá nas exigências.
"Os interesses e a segurança de nossos cidadãos não são negociáveis para nós."
O presidente fez um breve discurso exibido na televisão por ocasião do Dia do Defensor da Pátria, em que afirmou que está "aberto a um diálogo direto" com os países ocidentais, mas sempre exigindo que a Ucrânia nunca seja admitida como estado-membro da Otan.
O medo de uma escalada militar às portas da União Europeia (UE) é crescente desde que Putin reconheceu, na segunda-feira (21), a independência dos dois territórios separatistas do leste da Ucrânia e o Parlamento russo aprovou em seguida os acordos sobre a declaração, que incluem diversos compromissos com os rebeldes ucranianos pró-Rússia.
O texto prevê o envio de uma força de "manutenção da paz" aos territórios que integram a Ucrânia, o que autoriza uma possível operação militar. Embora Putin não tenha revelado detalhes sobre os planos, nem uma data sobre o possível envio de tropas, uma intervenção russa já tem o caminho legal preparado.
Sanções
Para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, as últimas decisões de Putin significam "o início de uma invasão", mas ele afirmou que ainda "é possível evitar o pior".
Na terça-feira, os países ocidentais aprovaram as primeiras sanções após o reconhecimento da independência dos separatistas. O conflito entre os insurgentes e as autoridades ucranianas já dura oito anos e provocou mais de 14.000 mortes.
A medida mais contundente foi a decisão da Alemanha de suspender a autorização do gigantesco gasoduto Nord Stream II, que transportará gás russo ao país europeu.
O governo dos Estados Unidos também reagiu com uma "primeira série" de sanções que pretendem impedir que Moscou obtenha fundos ocidentais para pagar a própria dívida. União Europeia, Japão, Austrália, Canadá e Reino Unido também divulgaram sanções.
As medidas punitivas são direcionadas principalmente contra bancos russos e alguns deputados. No momento, as sanções são cautelosas e menores que as anunciadas em caso de invasão.
A ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss, declarou que considera "muito provável" que Putin decida invadir a Ucrânia. Mas o calendário parece ser estabelecido por Putin, que mantém a comunidade internacional em suspense ao cercar de mistério sobre as intenções dele: invadir a Ucrânia, ampliar a área sob o controle dos separatistas ou negociar um novo status quo na região.
Na terça-feira, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, criticou a Rússia e afirmou que os princípios da "Carta das Nações Unidas não são um menu a la carte" e que o país deve "aplicar todos", em referência à crise na Ucrânia.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, respondeu que Guterres estava cedendo à "pressão dos ocidentais".