Papa Francisco considera conceder bênção a casais de pessoas do mesmo sexo
Sugestão ocorre pela primeira vez, mas deveria ser avaliada "caso a caso"
Em carta escrita a cinco cardeais conservadores, o papa Francisco sugeriu a possibilidade de casais de pessoas do mesmo sexo ganharem a bênção de padres católicos. A ideia, considerada pela primeira vez, avaliaria "caso a caso". Além disso, ele ainda apontou a sugestão de mulheres serem ordenadas ao sacerdócio.
Na quarta-feira (4), será aberta a 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, no Vaticano. O evento é o ponto alto de uma extensa consulta mundial sobre o futuro da Igreja Católica que terminará em 29 de outubro.
Assim, na Assembleia, será reservado um momento de debate à delicada questão do acesso das mulheres às funções de diácono, até agora reservadas aos homens, ou à ordenação de homens casados, tema sobre o qual o papa recuou em 2019.
Conforme a CNN Brasil, os cardeais conservadores eram Walter Brandmuller, Raymond Leo Burke, Juan Sandoval Íñiguez, Robert Sarah e Joseph Zen Ze-kiun. Eles enviaram a carta a Francisco no dia 10 de julho.
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Consulta a fiéis
Durante dois anos, os quase 1,3 bilhão de católicos em todo o mundo foram convidados a expressar sua visão da Igreja e de temas da atualidade. O processo foi lançado pelo papa Francisco, que deseja implementar um funcionamento menos piramidal na Igreja Católica.
"É um grande espaço de reflexão da Igreja, sobre sua maneira de ser e de proceder", resume o secretário especial da Assembleia, o padre italiano Giacomo Costa.
Para "ter um momento de discernimento mais importante", o papa decidiu dividir a assembleia do sínodo em dois tempos, com uma segunda sessão plenária em outubro de 2024.
Riscos de divergência
A assembleia permitirá calibrar o equilíbrio de forças dentro da Igreja em relação aos desafios da instituição. A posição do clero alemão, radicalmente diferente da opinião do Vaticano, será acompanhada de perto.
A Igreja provocou uma disputa com Rom, ao exigir que o papa "reexaminasse" a questão do celibato dos sacerdotes e da ordenação das mulheres.
"No sínodo não há lugar para ideologia", alertou Francisco no início de setembro. No domingo (1º), o papa insistiu na importância do diálogo e de "caminhar juntos".