Jornalista americano morto a tiros na Ucrânia cobria crise de refugiados, diz revista
Conforme a Time, Brent Renaud estava registrando a migração dos ucranianos após o início da guerra
A revista Time declarou, neste domingo (13), que o jornalista americano Brent Renaud, morto a tiros na Ucrânia, cobria a crise de refugiados ucranianos em meio ao conflito provocado pela Rússia no país do Leste da Europa.
"Nas últimas semanas, Brent esteve na região trabalhando em um projeto da TIME Studios focado na crise global de refugiados. Nossos corações estão com todos os entes queridos de Brent. É essencial que os jornalistas possam cobrir com segurança esta invasão e crise humanitária na Ucrânia," diz um comunicado da publicação.
A autoria da nota é atribuída ao editor-chefe e CEO da publicação, Edward Felsenthal, e ao presidente e COO da Time e Time Studios, Ian Orefice. No texto, eles ainda afirmam estar "devastados" com a perda do profissional.
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O crachá encontrado no corpo indicava que o profissional estava credenciado pelo jornal americano The New York Times, mas, como esclareceu o veículo, ele colaborou com a publicação somente até 2015. Nas redes sociais, o periódico lamentou a morte.
Response from a New York Times spokesperson in regard to the death of Brent Renaud in Ukraine. pic.twitter.com/K11eW685yr
— NYTimes Communications (@NYTimesPR) March 13, 2022
Brent, que também era cineasta e tinha 50 anos, foi assassinado a tiros, neste domingo, em Irpin, no extremo noroeste de Kiev, onde as forças ucranianas estão lutando contra as russas. Ele é o primeiro profissional de comunicação estrangeiro a morrer desde a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro.
Experiência na cobertura de conflitos
Brent era um jornalista experiente na cobertura de conflitos armados e desastres. Ele realizou diversos trabalhos premiados ao lado do irmão, Creig. Os dois eram conhecidos como "Irmãos Renaud" e, conforme o portal Uol, participaram da cobertura das guerras no Afeganistão e no Iraque, além do terremoto no Haiti, a Primavera Árabe, no Egito, e a violência dos cartéis de drogas mexicanos.
O fotógrafo norte-americano Juan Arredondo relatou, em um vídeo publicado no Twitter, que estava com o colega no momento em que ambos foram atacados. Segundo ele, ambos atravessavam uma ponte para filmar refugiados deixando a capital Kiev.
No entanto, quando ultrapassaram um ponto de controle militar, o carro começou a ser alvo de tiros. Arredondo contou que o motorista retornou, mas o veículo continuou sendo alvejado.
"Vi [Brent] ser atingindo no pescoço e nós nos separamos", relatou o fotógrafo na gravação, em que aparece deitado em uma cama em um ambiente parecido com um hospital. Ele ainda diz que chegou ao local provavelmente em uma ambulância e não sabe o que aconteceu com o jornalista.
Segundo o médico envolvido com as forças ucranianas, Danylo Shapovalov, relatou, à agência de notícias AFP, dois homens foram atingidos enquanto dirigiam com um civil ucraniano.
Reação das autoridades
As autoridades ucranianas acusaram as forças russas de atirar nos jornalistas, mas, até o momento, não se sabe de onde vieram os tiros. Jornalistas da AFP que estavam na área neste domingo ouviram disparos de artilharia e armas leves.
"Estamos consultando os ucranianos para determinar como isso aconteceu", disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente dos EUA, Joe Biden, ao canal norte-americano CBS, chamando a morte de “chocante e horrível”.
"As forças russas na Ucrânia devem cessar imediatamente toda a violência contra jornalistas e civis, e quem matou Renaud deve ser responsabilizado", tuitou o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York.