Uma série de publicações nas redes sociais chamou a atenção de internautas, nesta semana, para a técnica conhecida como "Fresh Frozen", que usa cadáveres humanos congelados para treinar profissionais de diversas áreas, em práticas como harmonização facial, anatomia e intervenções cirúrgicas.
A discussão começou após a tatuadora Helen Fernandes, conhecida pelo user Malfeitona, relatar, em postagens feitas na terça-feira (24), que descobriu o método após um familiar, formado em odontologia, fazer um curso de harmonização facial no qual usou cabeças humanas congeladas para treinar as técnicas ensinadas na formação.
Segundo a artista, as partes seriam etiquetadas com informações como origem e nome do indivíduo. No relatado, ela disse que as peças teriam sido importadas dos Estados Unidos e seriam de pessoas condenadas a pena de morte no país. "Trazem as cabeças geladas pra cá porque estão frescas e já se sabe a causa da morte e o estado", detalhou a tatuadora.
O relato viralizou no Bluesky e alcançou, inclusive, outras redes, como o Instagram. As reações foram variadas: "Não pode ser verdade!", respondeu um usuário na postagem de Helen. "Vocês não durariam uma semana num curso de saúde", destacou outro, no mesmo fio.
A discussão sobre a técnica também gerou curiosidade nos usuários. Dados do Google Trends — ferramenta que monitora as palavras mais pesquisados na internet — apontam que o termo "Fresh Frozen" foi buscado mais de 10 mil vezes até esta sexta-feira (27).
O que é e para que serve técnica 'Fresh Frozen'
No Brasil, a lei 8.501, de 1992, estabelece que corpos de pessoas não identificadas — que não foram reclamados por familiares em até 30 dias após o óbito — podem ser doados para universidades públicas, seguindo uma série de trâmites legais. Com o avanço da tecnologia, esse tipo de situação se tornou menos comum. Em consequência, instituições de ensino no País sofrem com a falta de cadáveres para a formação de profissionais de diversas áreas, como medicina, farmácia, fisioterapia e educação física, conforme informações da BBC.
Com a necessidade de estudantes manipularem e explorarem estruturas anatômicas humanas reais, a técnica "Fresh Frozen" se mostrou como uma alternativa ao problema. Segundo o site do Instituto de Treinamento em Cadáveres (ITC), que é um dos locais que oferecem o método, "ter uma experiência em cadáver fresco é hoje um importante diferencial no currículo de qualquer profissional da área da saúde".
E o que é a prática? Conforme a instituição, a metodologia usa corpos congelados, livres de conservantes, como o formol, o que permitiria a conservação das estruturas anatômicas, deixando-as mais próximas da realidade, "não existindo qualquer alteração na rigidez dos tecidos, alteração de cor ou de textura".
No relato da tatuadora, ela afirma que o familiar teria manipulado a mesma cabeça nos dias em que participou da formação. De acordo com ITC, é possível que cada peça de "Fresh Frozen" seja utilizada individualmente ou por até oito alunos.
No portal, a instituição de ensino também confirma o relato de Helen sobre os cadáveres serem importados: "As peças chegam de fora do Brasil, sem origem especificada".
Ainda conforme o ITC, com o fim da utilidade das peças, elas são descartadas através da cremação.