Um raríssimo evento astronômico ganha os céus neste início de fevereiro. Trata-se do cometa verde, que atravessou o espaço sideral da Terra pela última vez há 50 mil anos, quando o planeta era habitado por neandertais e outras espécies primitivas. O fenômeno chega ao ápice entre esta quarta-feira (1º) e quinta-feira (2), quando estará mais visível.
Segundo o astrônomo Filipe Monteiro, pós-doutor do Observatório Nacional, o cometa deve ficar ainda mais nítido para os observadores brasileiros a partir de sábado (4), quando estará mais alto no céu e com mais tempo de visibilidade. Tanto que, em condições ideais, será possível até observar o fenômeno a olho nu, ou seja, sem equipamentos.
"No dia 1º de fevereiro, o cometa alcançará sua máxima aproximação da Terra, podendo atingir magnitude +6 ou menos. É importante destacar que, quanto mais brilhante é um objeto, menor é sua magnitude. Assim, um objeto com magnitude +2 é mais brilhante do que um que tem uma magnitude +6, por exemplo", explica Monteiro.
O astrônomo acrescentou que, em relação ao brilho esverdeado do cometa, objetos como o C/2022 E3 — como é chamado o astro específico — podem exibir um brilho cada vez mais intenso dependendo da quantidade de material volátil que carregam e que é sublimada à medida que se aproximam do Sol.
Quando o cometa foi descoberto?
Segundo informações de funcionários da agência espacial americana, a Nasa, o cometa foi visto pela primeira vez em março de 2022, enquanto estava na órbita de Júpiter. "Os cometas são notoriamente imprevisíveis, mas, se este continuar com sua tendência atual de brilho, será fácil detectá-lo", adiantou a Nasa, em seu blog, no início deste mês.
O órgão também projetou a possibilidade de, especialmente quem estiver no Hemisfério Sul, observar o fenômeno a olho nu em céu completamente escuro, próximo a esta quinta-feira (2), quando ele estiver mais próximo à Terra. Para facilitar a visualização, porém, se recomenda utilizar binóculos ou telescópios.
O que é o cometa verde?
O corpo celeste é chamado de C/2022 E3 (ZTF). A Organização Não Governamental (ONG) Planetary Society diz que, quando ele estiver mais próximo da Terra, estará a cerca de 42 milhões de quilômetros de distância do planeta.
De acordo com o Observatório Astronômico Nacional, os cometas de longo período conhecidos até hoje, como o cometa verde, são vistos apenas uma vez na história, uma vez que seus períodos orbitais são maiores que 200 anos, com alguns chegando de 100 mil a 1 milhão de anos para orbitar o Sol.
O C/2022 E3, acredita-se, veio da Nuvem de Oort, a região mais distante do sistema solar da Terra, que é como uma grande bolha com inúmeros detritos gelados dentro.
Como observar o cometa verde?
Entre esta quarta e quinta-feira, será possível observar o cometa verde com mais facilidade no Hemisfério Sul. Porém, segundo o Observatório do Governo Federal, o corpo celeste poderá ser visto a olho nu apenas se as condições do céu forem bastante favoráveis, com céu completamente escuro, sem Lua e sem poluição luminosa.
"Para observar o cometa, o mais sensato é usar binóculos, que facilitarão a observação desse visitante ilustre. Além disso, é importante destacar que não é uma tarefa tão fácil achar um cometa no céu. Por isso, além de instrumentos (binóculos, telescópios, câmeras fotográficas), é interessante que as pessoas procurem um lugar distante dos centros urbanos, fugindo assim da poluição luminosa. Para facilitar ainda mais a observação do cometa, o indicado é procurar quando a Lua não estiver mais no céu”, explica Filipe Monteiro, do Observatório Nacional.
Para observadores iniciantes, especialmente fotógrafos, Monteiro orienta que tente-se apontar a câmera para a localização aproximada no céu, tirando fotos de longa exposição de 20 a 30 segundos. "Ao visualizar as imagens, possivelmente você irá notar um objeto difuso e com cauda. Usando essa técnica, muitos estão conseguindo fotografar o cometa mesmo que não o vejam no céu", garante o profissional.