Gina Abercrombie - Wistanley Chefe da Diversidade e Inclusão do Departamento de Estado Americano, no governo de Joe Biden, veio em dezembro de 2021 ao Brasil em missão diplomática com o objetivo de conhecer os esforços que o país empreende para impulsionar a diversidade racial.
Segundo ela a nação brasileira tem similaridade com os EUA por ser país pluriétnico. Notou por onde andou, em São Paulo, a forte presença só de pessoas brancas, o que a motivou a questionar - Cadê o resto? Referia-se aos outros grupos étnicos, dentre eles a maioria de 56% de negros/as.
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A Chefe da Diversidade e Inclusão elucidou que não é seu propósito dar lição de moral a qualquer nação, até porque seu país tem muito o que fazer na área da diversidade racial e de gênero. Já afirmava a escritora e jornalista norte americana Joan Didion (1934 -2021) que os EUA foram construídos com base na exclusão racial e de gênero, não sendo capaz de concretizar os princípios que propagou de igualdade.
Temos motivos de sobra para mostrar os danos dos processos de exclusão e a necessidade de apoiar a diversidade em termos étnico raciais, de gênero, sexual, religiosa e cultural posto que sua ausência compromete o desenvolvimento da sociedade, ao desconsiderar o potencial dos grupos minorizados.
Assistimos todo dia a violência urbana contra negros/as, violação de direitos dos povos originários, ataques ao modo de ser e viver dos povos e comunidades tradicionais de terreiro, seletividade racial nas abordagens policiais, racismo na imprensa, jovens negros acusados injustamente, crianças negras abandonadas. São grupos que tem convivido com o incerto, com a desproteção e desamparo.
Convivemos com a negação do racismo. Racista é quem pauta o debate, sempre acusado de reclamar sem razão, com coitadismo e mimimi. Seguem as mesmas motivações históricas e políticas de uma sociedade esgarçada em termos étnico raciais, em que os grupos racializados de forma subalterna são culpabilizados por serem alvo dos repetidos “incidentes”.
As consequências na vida destes segmentos tem sido as descontinuidades dos processos educacionais, desemprego, formas de trabalho precarizadas, falta de diversidade étnica e de gênero nos em altos cargos estratégicos no setor público e privado, violência contra as mulheres negras, dinâmicas familiares alteradas pela gravidez na adolescência, que diminuem as oportunidades das jovens negras demonstrarem seus talentos e capacidades.
De modo geral, fomos socializados para acomodar o olhar em ver só gente branca a ocupar lugares de vantagens e privilegio no Brasil. Vale então impulsionar a diversidade nas ações governamentais e da sociedade civil com respeito à diferença e oportunidades para toda/os. Levantando a voz para reconhecimento étnico e justiça racial, ao tempo de questionar o poder da branquitude.
O que nos falta é entender a diferença nos outros, incluir o restante.