Redução de jornada e outras medidas de socorro à economia chegam com atraso

Cenário de guerra em que o País se encontra pressupõe celeridade que Governo e Congresso não mostraram

Legenda: Medidas de socorro foram mais efetivas e rápidas em 2020
Foto: Ana Volpe/Agência Senado
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É unânime entre os setores econômicos que as iniciativas de socorro às empresas, diante da segunda onda devastadora da Covid-19, tardaram a chegar. E muito.

A reedição do Programa BEm, que permite a suspensão de contratos e redução de jornadas e salários e passa a valer hoje, e a antecipação do 13º dos aposentados são exemplos de ações que deveriam ter sido aplicadas com urgência, mas acabaram perdidas no limbo de quatro meses de articulações inócuas em Brasília.

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Soma-se à lista o auxílio emergencial, que passou por um longo hiato enquanto os beneficiários sofriam com a severa piora da pandemia. E, mesmo assim, o valor das parcelas, diferentemente do ano passado, está distante de garantir o básico aos 40 milhões de brasileiros incluídos no programa em 2021. 

Receber R$ 150 ou R$ 250, faixas em que se enquadra a maioria, é um sopro ínfimo, sobretudo ante a rigidez da inflação dos alimentos.

Inércia em Brasília

Não há como não atribuir a inércia na liberação destas medidas medulares a outros atores que não Governo Federal e Congresso.

O encerramento da vigência de resoluções de suporte a trabalhadores e empresas em dezembro revela uma amadora falta de previdência por parte dos responsáveis por gerir a crise.

Será mesmo que Planalto e Congresso acreditavam que, a partir de 1º de janeiro de 2021, se inauguraria uma fase paradisíaca no Brasil, sem coronavírus, sem letargia econômica, sem pobreza, sem vulnerabilidade social?

Claro que havia que se olhar com cautela para a situação do Tesouro, mas o País ainda se vê cingido em uma atmosfera de guerra, o que demandaria a continuidade de medidas consonantes com este cenário extraordinário.

Economia como prioridade

Tal morosidade em destravar estes dispositivos de apoio também contrasta com o discurso presidencial de suposta preocupação com a economia, ante um falso dilema entre esta grandeza e a saúde.

Se a economia é ou foi prioridade, o auxílio emergencial, o Programa BEm, a antecipação do 13º dos aposentados e um conjunto de outras providências deveriam ter sido aplicadas com maior celeridade e incisividade.

Estas ações teriam garantido o salvamento de empregos e aquecido a economia. Isso vale bem mais do que discursos belicosos e promessas.



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