Fim da Troller enterra sonho cearense no setor automotivo

Fundada por Rogério Farias, montadora cativou consumidores apaixonados por aventura

Legenda: Fábrica da Troller em Horizonte encerrá as atividades
Foto: Thiago Gadelha

O fracasso nas negociações para manter a fábrica da Troller põe fim à marca de veículos cearense que nascera do sonho empreendedor de Rogério Farias e enterra o que restava da indústria automobilística do Estado.

Criada em 1995, a montadora de utilitários off road acumulou ao longo de duas décadas e meia um fiel e numeroso grupo de consumidores, apaixonados por aventura e pelos aspectos subjetivos que o veículo representa.

Em 2008, Farias vendeu sua parte do negócio e, mais tarde, a empresa viria a ser comprada pela gigante norte-americana Ford, de quem, pela fama e poder financeiro, esperava-se alavancagem, inovação e crescimento para a fábrica cearense.

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Tolo engano. É justamente pelas mãos da Ford que a Troller será sepultada. A brusca debandada da montadora do Brasil deixa um rastro de desemprego e um vazio produtivo que não se esperava chegar até o Ceará.

Logo após o anúncio da retirada, em janeiro, o cenário para a fábrica da Troller era o mais alvissareiro entre todos os empreendimentos da Ford no Brasil. 

Rogério Farias, criador da Troller
Legenda: Rogério Farias, criador da Troller
Foto: Natinho Rodrigues

Ao passo que outras unidades fecharam quase instantaneamente, a cearense gozou de prazo maior e seguiu em funcionamento.

Exigência indigesta

O objetivo era vender a indústria, mas as negociações, apesar de bastante avançadas, esbarraram na indigesta imposição da Ford ao eventual comprador, de não usar a marca e nem o design dos carros da Troller.

Ora, isto naturalmente há de afugentar qualquer interessado, pois o que fazia brilhar os olhos dos postulantes era exatamente a possibilidade de adquirir uma marca consolidada, com veículos de DNA inconfundível.

As tratativas contaram com articulações do Estado e do setor produtivo, esforço necessário para salvar um empreendimento relevante e os mais de 470 empregos ali gerados.

Esta é mais uma das muitas frustrações já sofridas no Ceará no ramo da produção automobilística. O Estado sempre alimentou o sonho de prospectar grandes investimentos nesta área e nunca consolidou tais ambições.

Agora, com a fuga de poderosos atores do setor que atuavam no Brasil e a reformulação do ramo automobilístico no cenário global, estes anseios se perdem no limbo.



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