As operações de crédito do Banco do Nordeste (BNB) para o próximo ano devem bater novo recorde. Com um crescimento previsto de 10% em relação a 2021, o banco projeta aplicar R$ 9 bilhões no Estado, o maior valor da história, antecipa o presidente interino do banco, Anderson Possa.
Em toda a área de atuação do BNB, que inclui os nove estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, os desembolsos devem ser de, pelo menos, R$ 45 bilhões no próximo ano, cifra também recorde. Em 2021, os investimentos devem ficar em torno de R$ 41 bilhões.
Diante da forte demanda por crédito, o banco de fomento, hoje muito dependente dos recursos do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste), está analisando outras formas de financiamento, inclusive com players do exterior, afirma o presidente. O objetivo é criar alternativas de funding para fortalecer a musculatura de caixa do banco.
De olho na energia limpa
O BNB, ressalta Possa, tem olhado de forma estratégica para o setor de energias renováveis - cujos investimentos privados estão acelerados e devem avançar ainda mais com a chegada de empreendimentos de hidrogênio verde.
"Nós temos R$ 8 bilhões (previstos em Orçamento) para energias renováveis em 2022, mas a demanda, pra se ter uma ideia, já é de R$ 20 bilhões. O BNB quer ser um grande protagonista das energias renováveis no Nordeste", afirma.
Crediamigo
Anderson Possa informou ainda que o BNB estuda formas de assumir a operacionalização do Crediamigo, o maior programa de microcrédito da América Latina.
Alguns processos, diz, já estão sendo internalizados pelo banco, mas as definições de como se dará a operação ainda serão comunicadas ao mercado.
O Crediamigo, desde 2003, é gerido pelo Inec (Instituto Nordeste Cidadania), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). A parceria, contudo, não será renovada.
O BNB publicou edital para selecionar uma nova gestora, mas, em novembro, anunciou que as empresas candidatas não cumpriram os requisitos necessários.
Embora não haja indícios de irregularidade durante os 18 anos em que o Inec esteve à frente do programa, o assunto virou alvo de pressões políticas, com acusações, por parte de aliados do Governo Bolsonaro, de que a entidade seria chefiada por pessoas ligadas ao PT.