Com o processo de privatização da Eletrobras em andamento, o Governo Federal possibilitou que trabalhadores possam usar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para comprar ações da estatal — processo válido entre sexta-feira (3) até a próxima quarta-feira (8). Mas será que o investimento é uma boa opção? Para os especialistas, a reposta parece ser um simples "sim". Mas é preciso entender os riscos.
Os trabalhadores poderão usar até 50% do saldo do FGTS, o que, segundo o economista Ricardo Coimbra, pode dar bons resultados financeiros aos recursos investidos. O cálculo se baseia nos rendimentos previstos para o Fundo de Garantia, de 3% mais a taxa referencial (TR), que ficam um patamar abaixo da poupança – girando em torno de 6%.
Considerando esse cenário, o conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon) no Ceará afirmou que investir em ações da Eletrobras poderá dar um retorno acima do esperado para o FGTS, dando a viabilidade dos papéis da estatal.
"É interessante ressaltar que a remuneração do FGTS é 3% mais taxa, mas de modo geral, ela é muito parecida ou abaixo da poupança, principalmente quando você uma taxa Selic elevada e poupança rende cerca de 6%. Então muitas vezes é muito abaixo, e a possibilidade de você ter um ganho real com a valorização da companhia é bastante significativa, se você observar que nos outros momentos, como na privatização da Vale e Petrobras, podemos ter uma rentabilidade maior que a do FGTS", disse.
Coimbra ainda destacou que os retornos financeiros podem ser ainda maiores, caso os planos de investimento futuros na companhia de energia sejam positivos. Com uma boa estratégia, a Eletrobras ainda poderá distribuir uma boa quantia de dividendos aos novos acionistas, segundo Coimbra.
"Pode ser uma opção, e aí é observar as perspectivas de investimento da companhia depois que for privatizada e isso vai reverberar na valorização das ações ou de dividendos, que serão pagos a partir desse fundo com os recursos do FGTS", disse.
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A perspectiva sobre os retornos positivos para os investimentos na Eletrobras é corroborada pelo economista Vicente Ferrer. O também conselheiro do Corecon, no entanto, afirmou que os trabalhadores devem procurar o suporte de um especialista em investimentos para determinar se a Eletrobras encaixa com o perfil de aportes e objetivos próprios.
"O cidadão precisa saber que é importante ter uma orientação técnica, não é investir, até porque há muita volatilidade, mesmo sabendo que o rendimento do FGTS é muito diminuto, sem termos ganho real. A possibilidade em uma privatização é que o novo tipo de gestão valorize a empresa e as ações subam de preço, mas é preciso buscar uma orientação técnica", disse Ferrer.
Ambos os economistas também concordaram que há poucos riscos políticos do cenário eleitoral gerar uma reversão do processo de privatização da Eletrobras e comprometer os investimentos feitos com os recursos do FGTS.
Contudo, para investir no mercado de renda variável é preciso ter consciência dos riscos gerados pela volatilidade dos ativos, que estão sujeitos às condições do mercado e da economia do País, além das questões relacionadas à regulação do setor.
"No caso da privatização, é muito improvável que ela seja revertida porque isso retira credibilidade do País para novos investimentos, então o risco existe como em qualquer empresa, mas eu investiria nesse mercado porque o rendimento do FGTS não é o que a gente espera", defendeu Ferrer.
Analisando os riscos e definindo quanto dos recursos do FGTS, o trabalhador que quiser investir na Eletrobras, pode checar um passo a passo organizado pela Caixa Econômica Federal para fazer a destinação de recursos.