O Ceará não conta mais com a produção de petróleo no mar desde março de 2020, mas as plataformas poderiam estar ativas e focadas na extração, caso a Petrobras não tivesse negado uma proposta dos funcionários da empresa.
A Petrobras foi questionada sobre a recusa da proposta feita por membros do Sindipetro, mas não respondeu à reportagem até a publicação desta matéria.
O modelo de operação consistia, além da atividade principal, na prospecção de poços em águas profundas e em parques de geração de energia eólica.
Segundo Roberto Viana, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Petróleo (Sindipetro) Ceará/Piauí, o projeto consistia em criar uma empresa independente para administrar as 9 plataformas e, após estudos de viabilidade, fazer os investimentos necessários para reiniciar a produção.
As 9 plantas marítimas no Ceará foram colocadas em hibernação desde 27 de março de 2020.
A empresa criada teria o nome de Mar Azul Offshore e seria administrada por um coletivo de funcionários e ex-funcionários da Petrobras, tendo um conselho de administração e podendo até ter ações negociadas no mercado, de acordo com o projeto inicial apresentado à Petrobras.
"Nós apresentamos um projeto para assumir a produção no Ceará e melhorar os processos e outras questões logísticas, criando uma empresa nova, com acionistas para responder ao mercado, gerar emprego, investir e novos modelos de negócios no futuro. Mas a Petrobras negou dizendo que só poderia negociar com outras empresas", disse.
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A iniciativa, mesmo impossibilitada de ser continuada, já tinha planos de expansão em outras áreas de negócios. Viana comentou que o projeto da Mar Azul Offshore detalhava investimentos futuros em um parque eólico em alto mar com pelo menos 80 aerogeradores.
O conceito da nova empresa ainda detalhava o objetivo de aliar a geração de energia à criação de lagostas na mesma área do parque eólico, segundo Viana. A ideia era aproveitar ao máximo os investimentos feitos em áreas diversas, gerando, também, uma integração da iniciativa privada com as universidades no Ceará.
"A nossa ideia era criar um espaço que servisse, também, como campo de pesquisa e estudo para as universidades. Em uma plataforma de petróleo somada a um parque eólico e uma criação de lagostas, poderíamos ter estudos em engenharia, biologia e vários outros cursos", explicou Viana.
O modelo econômico da Mar Azul ainda contava com a criação de um consórcio de empresas cearenses para fornecimento de insumos e serviços focados na implementação de projetos. O objetivo era gerar empregos e movimentar a economia interna no Ceará.
"Tínhamos o objetivo de criar um consórcio de empresas para caso fizéssemos investimentos, ou até na constituição do parque eólico, tivéssemos o fornecimento de empresas daqui. Para que eu vou comprar um motor, por exemplo, lá em São Paulo se eu posso comprar aqui no Ceará? Tínhamos a intenção de firmar acordos com empresas de material de construção, de produção de aerogeradores, e outros setores logísticos", revelou Viana.
O planejamento da Mar Azul ainda incluía a perspectiva de fazer novos investimentos, caso os resultados financeiros fossem favoráveis, na exploração dos poços de petróleo em águas profundas no Ceará.
"A ideia era juntar 100 funcionários, no mínimo, até porque para operar um campo de petróleo você precisa de experiência, mas poderíamos gerar empregos. E o nosso objetivo era explorar poços de águas profundas no futuro, entrando na competição que seria aberta pela Petrobras", disse Viana.