Guedes diz que política de preços da Petrobras indica 'disfuncionalidade', mas não fala em mudanças

Segundo o ministro da Economia do Brasil, responsabilidade sobre o sistema de atualização de valor de revenda dos combustíveis é da própria Petrobras e do Ministério de Minas e Energia

Legenda: "Só de falar que tem uma política de preços já tem uma disfuncionalidade no setor", disse Guedes
Foto: Fabiane de Paula

O ministro Paulo Guedes criticou a existência de uma política de preços da Petrobras para definição do valor de revenda de combustíveis, mas destacou que os planos para mudança do sistema visando o barateamento da gasolina e do diesel no Brasil são responsabilidade da própria Estatal e do Ministério de Minas e Energia. As afirmações foram dadas durante o seminário Economia Brasil, realizado nesta sexta-feira (15). 

"Eu não posso comentar a política de preços da Petrobras. Ela é uma empresa listada em bolsa, tem a política dela, tem o Ministério de Minas e Energia, que é responsável. O Governo é acionista majoritário e se preocupa com o alerta do Cade que não poderia haver lucros abusivos. Mas eu acho que ninguém pergunta qual a política de preços para uma empresa privada, porque tem competição e o preço cai pela competição. Só de falar que tem uma política de preços já tem uma disfuncionalidade no setor", disse o ministro.

Segundo Paulo Guedes, o Brasil precisaria promover uma maior concorrência no setor de extração de petróleo e produção de combustíveis para garantir uma produção capaz de baratear os preços. Ele projetou que o País poderia ser o terceiro maior produtor de petróleo no mundo, e que isso poderia ajudar a reduzir os preços no mercado internacional. 

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Competição

O ministro comparou a situação dos mercados de petróleo e telecomunicações no Brasil. Ele defendeu que, se houvesse uma liberação maior para outras empresas do setor privado nacional e internacional, os preços dos combustíveis seriam reduzidos pela competição.  

"Se tivéssemos muitas empresas explorando petróleo no Brasil, a produção aqui poderia derrubar o preço internacional (do barril de petróleo) porque seríamos o maior produtor do mundo. Essa a minha visão estruturante", disse o ministro.

Política de preços

Desde 2016, ainda no governo Michel Temer, a Petrobras aplica um sistema de atualização diária de preços para os combustíveis no Brasil, seguindo uma paridade internacional baseada nas cotações do dólar e do barril de petróleo. O sistema tem produzidos constantes elevações de preços para a gasolina e o diesel no País, que acabou sendo impulsionado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, já que houve uma redução no fornecimento de petróleo de forma global.

Com a produção afetada, o preço do petróleo subiu e elevou os preços nas bombas de combustível pelo País, com alguns postos passando a revender o litro da gasolina por valores acima do patamar de R$ 7 nas últimas semanas.