O aeroporto Orlando Bezerra de Menezes está se recuperando dos dois baques sofridos nos últimos anos: a recuperação judicial da Avianca, que causou cancelamento de vários voos, e a pandemia, com queda brusca na venda de passagens. Os principais destinos foram recuperados. É possível ir direto para Campinas (SP), Fortaleza, Guarulhos (SP) e Recife. Mas ainda há um destino que precisa ser recuperado: Brasília.
Em janeiro deste ano, o crescimento no aeroporto de Juazeiro do Norte foi de 22,8% no número de pousos e decolagens em relação ao mesmo período do ano passado. O avanço no número de passageiros foi ainda maior: 43,2%. Foram transportadas mais de 54 mil pessoas em janeiro de 2022.
O engenheiro mecânico aeronáutico José Roberto Celestino afirma que o número coloca Juazeiro do Norte como o 33º aeroporto mais movimentado do Brasil: "O 1º é Guarulhos [SP]. O 10º é Fortaleza. Juazeiro do Norte é o 33º. Estamos acima de capitais como Palmas [TO], grande capital do agronegócio, Boa Vista [RR] e Rio Branco [AC]."
Celestino ainda traz um dado curioso. O aeroporto de Juazeiro do Norte tem mais movimento do que o de outros centros industriais localizados no interior. É o caso de Londrina e Maringá, que ficam no Paraná, e também de São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, que ficam em São Paulo. Este último município, inclusive, é sede de companhia área, a VoePass.
Ou seja, Juazeiro do Norte sequer tem a própria empresa de aviação, mas supera em movimento uma que tem. E a resposta está na localização estratégica do Cariri. Equidistante das capitais do Nordeste, o aeroporto Orlando Bezerra de Menezes acaba sendo a melhor opção para moradores da Metade Sul do Ceará e também do sertão de três estados vizinhos: Paraíba, Piauí, Pernambuco.
Veja dois exemplos: quem mora em Sousa (PB) fica a 168km de Juazeiro do Norte e a 308km de Campina Grande, onde fica o aeroporto paraibano mais próximo; quem mora em Ouricuri (PE) enfrenta 141km de rodovia até o Juazeiro do Norte, menos do que os 216km até o aeroporto de Petrolina.
Juazeiro do Norte virou centro de conexões entre transporte aéreo e transporte rodoviário para quem precisa ir a cidades do sertão nordestino. Hoje operam aqui as companhias Azul, Gol, Latam e VoePass.
Só falta voo para BSB
É preciso aumentar o número de destinos. Um voo direto para a Capital Federal é a última rota da época da Avianca que está faltando ser recuperada. "Importante para conexão para as regiões Centro-Oeste e Norte. Barateia muito [o preço da passagem]", afirma Celestino.
Recentemente, a Aena Brasil anunciou que o aeroporto Orlando Bezerra de Menezes vai passar por reforma, com ampliação do terminal de passageiros e melhorias da pista de pouso. A esperança é que o investimento possa atrair novos voos.
Quem sabe o voo direto para Brasília seja um deles. A Capital Federal é o segundo principal centro de conexões do Brasil. Só fica atrás de Guarulhos.
"O investimento vai ter impacto no comércio, no turismo, vai atrair empresas para operar aqui e também o próprio comércio dentro do aeroporto".
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.