Posso treinar gripado? Médica explica quais sintomas não são indicados para praticar atividade física

Especialista recomenda evitar o exercício quem tenha sintomas abaixo do pescoço, como febre, falta de ar ou dor muscular

Muitas vezes diante de alguns sintomas gripais ou de infecção quem costuma praticar atividade física regularmente fica na dúvida se deve ou não suspender o exercício. Há quem tenha receio de que o esforço acabe abaixando a imunidade e agravando ou prolongando a doença. Mas o que realmente é aconselhado? 

A médica endocrinologista Ana Flávia Torquato explica que a decisão de parar ou não os treinos depende do que a pessoa está sentindo e da intensidade desses sintomas. Segundo ela, se a pessoa tiver com um resfriado leve e se sentir disposta, não é obrigatório parar de treinar. Porém, deve evitar se exercitar com sintomas como febre e dores musculares. 

“Se os únicos sintomas forem acima do pescoço, como congestão nasal e dor de cabeça leve, por exemplo, o treino não deve agravar o resfriado. Já se a pessoa tem sintomas abaixo do pescoço, como tosse, desconforto no peito, falta de ar, ou sintomas no corpo inteiro, como febre ou dores musculares, é recomendado evitar o exercício”, detalha. 

A especialista cita que pesquisadores constataram que não houve diferença na duração ou na gravidade da doença ao fazerem um estudo com 50 adultos jovens infectados com o vírus do resfriado comum. Eles foram separados em dois grupos: um que fez 40 minutos de exercícios moderados em dias alternados durante dez dias e outro que não se exercitou. Ou seja, atividade moderada não prolongou ou agravou a doença. 

Outro ponto importante que a médica ressalta é que os sintomas podem evoluir com o passar dos dias. Ela diz que algo que começou com uma coriza, por exemplo, pode se tornar mais sério. Então, em caso de piora, a pessoa deve adiar a prática da atividade física.  

Intensidade dos exercícios

Sobre a intensidade dos exercícios, ela aconselha apenas a prática de atividades leves ou moderadas. “Se você está confiante de que seus sintomas de resfriado são leves e se sente disposto a se exercitar, o ideal são exercícios de intensidade leve a moderada por 30 a 45 minutos por dia, como uma caminhada rápida ao ar livre ou levantar pesos leves”.  

Ana Flávia complementa afirmando que exercícios intensos enquanto está doente ou logo após a recuperação pode produzir sintomas novos ou persistentes, como a exaustão. Ela lembra ainda que é importante evitar ir à academia ou se aglomerar para evitar a transmissão viral. 

“Quando a pessoa está saudável, o exercício moderado regular pode diminuir a inflamação, melhorar a resposta imunológica e reduzir o risco de contrair infecções respiratórias”. 

Retorno aos treinos

Para quem está com sintomas intensos e não está com boa disposição física, segundo a médica, a prática da atividade física pode intensificar os sintomas e aumentar os riscos de complicações. Para este perfil, a especialista recomenda o descanso e o retorno aos treinos apenas quando os sintomas desaparecerem.  

“Após se sentir normal, o ideal é voltar gradualmente à rotina, aumentando gradualmente a duração e a intensidade do treino. A recaída pode acontecer caso a pessoa volte rápido demais e a treinar muito intenso”.  

Cuidados com a saúde

A médica alerta que durante o curso de uma infecção é importante se alimentar bem, dar preferência a alimentos naturais e vegetais, manter uma boa hidratação, dormir bem e evitar a ingestão de bebida alcoólica.  

“Deve-se procurar atendimento médico em casos com maior risco de complicação, como na presença de sintomas mais severos, sintomas sistêmicos como febre, suspeita de infecção bacteriana, e pessoas idosas e com comorbidades”.