Pouco mais de 24 horas separam as últimas "desérticas" do BBB 23 do maior prêmio da história do reality show na TV. Amanda, Aline e Bruna chegam, em meio às controvérsias das torcidas nas redes sociais, ao derradeiro dia de confinamento, mas parecem, na verdade, a representação do que a edição poderia ter sido e não ocorreu.
Não que não haja mérito em permanecer confinada por três meses e persistir, durante todo esse tempo, em meio a um jogo frenético como é o Big Brother Brasil. É possível até ressaltar pontos positivos nas trajetórias das três finalistas deste ano. Entretanto, todas elas vão de encontro a uma verdade: não foram protagonistas nem das próprias narrativas no programa, quem dirá do reality na totalidade.
Se é possível parar alguns minutos para pensar no BBB 23, dá para citar alguns momentos que empolgaram o público, movimentaram as redes, possibilitaram a criação de afeto entre audiência e produto televisivo. Em poucos deles as três finalistas estiveram inseridas.
Ainda assim, está longe de discussão que as "desérticas", nome com o qual as integrantes do Quarto Deserto ficaram conhecidas, conseguiram, de alguma forma, uma torcida mobilizadora nas redes sociais. E Amanda, sem dúvidas, foi o principal fator nesse quesito.
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Enquanto não fez nada de tanta relevância dentro do jogo, a médica entrou para as graças do público, quase como Juliette conseguiu no BBB 21. O problema é que, justamente por não ter um conteúdo extenso dentro do jogo, não se tornou unanimidade.
Ainda assim, carregou nas costas as participantes que restaram do Quarto Deserto, mesmo sem saber, ditando como a final se desenharia. Foi por Amanda que as outras duas chegaram ao último dia de BBB 23, não há como negar.
Não se sabe se ela ganhará, de fato, o prêmio, mas os feitos de uma torcida desenfreada são capazes, nos últimos anos, de transformar qualquer trajetória em um programa como o BBB. Para o bem ou mal, carregam entre eles a ideia de que apenas um participante é digno de arrematar a "bolada" e fazem de tudo um pouco para tornar a opinião uma realidade
"A qualquer momento Aline entrará na casa", ouviu-se falar ainda nos primeiros dias de BBB 23. Talvez pela expectativa gerada em cima da ex-Rouge ou porque, de fato, ela não acumulou destaque, as declarações nas redes sempre pediam pelas ações de Aline, para que ela se impusesse na narrativa insossa do quarto em que escolheu ficar.
Não rolou, bem verdade. A meu ver, Aline não fez jogo danoso, exceto ao quase final do reality, quando tomou para si as narrativas ilusórias levadas por Larissa de volta à disputa após a repescagem. A cantora escorregou entre dúvidas e certezas para acabar, por fim, se agarrando às amizades feitas no confinamento.
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O que acontece é que Aline não teve o protagonismo esperado. Ganhou provas, se mostrou combativa, parecia disposta, mas quando necessário acabou se escondendo das decisões cruciais.
Chegou à final, mas na corrente da ideia de que o Deserto precisava ser salvo, como se o Fundo do Mar fosse o único a agir de forma reprovável. Das três, talvez seja a que tem menos chances de levar o prêmio, mas não terá um pós desastroso.
A única forma de definir a presença de Bruna na final do BBB 23 passa pela inexplicabilidade. Seja pelas atitudes impulsivas, pelos gritos desenfreados, pelas ameaças constantes de ser a próxima eliminada em algum Paredão. Nada explica a presença da atriz no último dia de programa.
E não é que no meio disso tudo ainda pode ser a vencedora? Muito tem se dito da capacidade da loirinha de usurpar a coroação de Amanda na final, o que não me surpreenderia diante do caráter imprevisível das torcidas desta edição. Afinal de contas, ainda se sobressaiu mesmo com três torcidas contra ela na última berlinda.
A real é que não dá para citar motivos para a vitória das três. O público votou e escolheu, tá tudo bem, viu? Porém, e isso já se sabe, enquanto os modelos de votação permanecerem os mesmos, há chances de que o BBB continue a não ser unanimidade, assim como as três finalistas deste ano. É pagar para ver.