Quem vai ganhar o BBB 23? A todos os ferrenhos espectadores do programa, essa deve ser a pergunta recebida com frequência nas últimas semanas, afinal de contas, é justamente a época do reality show em que a figura de um vencedor certo se torna mais evidente. A diferença, entretanto, está no fato de esta edição não ser da cartilha do comum. Para o bem e, mais especificamente, para o mal.
Não precisa ir tão longe. Desde o BBB 20, por exemplo, a reta final do programa sempre apresentou uma narrativa completa, com pelo menos um grupo mais cotado a ganhar o prêmio da edição.
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Claro, na 20ª edição não se tinha uma figura específica, com Thelma ganhando a afeição certeira do público nos últimos dias. Ainda assim, tinha-se uma noção dos mais importantes personagens para a história do reality.
Neste, o cenário está para lá de diferente. Não existe uma Juliette ou um Arthur Aguiar - nesse último caso, um ponto positivo. Entre as torcidas aqui fora, talvez a de Amanda se destaque, mas ela mesma não tem o carisma necessário para arrebatar os corações da audiência comum, o "sofá", do programa.
A questão é que o BBB 23 não criou uma narrativa específica, não teve os embates necessários para alavancar a trajetória de um ou dois personagens, não apresentou ninguém com magnetismo, aquela característica especial de nomes como o de Juliette, lembra?
Amanda tentou ensaiar a trajetória de mulher real, perseguida pelos colegas de confinamento que enxergavam nela uma fraqueza. Ora, como julgar errados os que percebiam isso, se ela é, de fato, apenas mais uma das plantas do programa? Faça-me o favor.
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Larissa foi eleita craque do jogo uma ou duas vezes, se mostrou articulada, defendia boas pautas dentro do jogo, mas se perdeu de forma tão arrebatadora que nem sequer uma repescagem conseguiu mudar a trajetória dela no retorno.
Enquanto isso, Alface é sim o protagonista de muitos momentos do BBB 23, é importante destacar. Porém, a personalidade explosiva e a necessidade de estar certo em todas as ocasiões possíveis, faz com que o rapaz seja visto como um completo destemperado, o que não pega bem, normalmente, na trajetória de um vencedor de Big Brother.
Mas se há um ponto positivo nisso tudo é que a falta de torcidas fervorosas e de narrativas consolidadas concedeu tempo necessário para a redenção dos integrantes do quarto 'Fundo do Mar'.
Enquanto o 'Quarto Deserto' era visto como o reduto das novas 'fadas sensatas' do BBB - alô, BBB 20!-, o tempo foi o senhor da razão ou mostrar que poucos deles tinham características necessárias para chegar à final. E foi exatamente aí que o 'Fundo do Mar' brilhou. Ainda bem!
Domitila e Black, por exemplo, são a personificação da transformação do jogo. Saíram de "chatos", "plantas" e "caricatos" para o posto de mais palatáveis e prováveis finalistas.
Ainda que os dois não tenham exatamente a trajetória comum dos vencedores de BBB, se mostram cada dia mais certeiros. São engraçados, emocionados no jogo, se jogam nas dinâmicas, não fogem dos embates e estão, a todo tempo, jogando do jeitinho que o público gosta: com razão e uma pitada de coração.
O balanço é aberto. Ainda que uns ou outros se destaquem mais nesse fim de BBB 23, tudo segue em aberto, como bem lembrou Tadeu Schmidt. Bom para o público, talvez, que acabe se surpreendendo. Mas ruim para eles que precisam, a todo custo, buscar motivos reais para serem escolhidos como os grandes vencedores do programa.