Covid-19 no esporte brasileiro: retomada das modalidades expõe atletas à pandemia

Com o retorno desde junho, futebol é destaque negativo de incidência da doença

Voltar com a programação do esporte, praticamente, como em temporadas sem pandemia era um risco. Uma aposta que já vem apresentando sinais de que precisa ser repensada. Só na série A do Campeonato Brasileiro, na rodada do último fim de semana, foram 61 atletas que deixaram de entrar em campo por estarem contaminados pelo novo coronavírus. Onze, dos vinte clubes foram afetados. 

Protocolos existem, testes para os jogadores a cada rodada, circulação restrita e de pessoas com equipamentos de proteção individual nos locais das partidas e o mais impactante: ausência dos torcedores. No entanto, as constantes viagens (há em andamento outros três campeonatos que contam com a presença de clubes que disputam a elite do futebol brasileiro – Libertadores, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil) expõem atletas e comissões ao contato com várias pessoas, o que facilita a proliferação do vírus entre eles. 

Jogo
Legenda: Sesc/Flamengo tem sete jogadoras contaminadas pelo novo coronavírus
Foto: Divulgação

Além do futebol, o cronograma do vôlei também retornou. Em andamento, a Superliga reúne 12 times no naipe feminino e a mesma quantidade no masculino. Apesar de as disputas se concentrarem nas regiões sul e sudeste, a competição vem encarando baixas, por conta da Covid. Com protocolos um pouco mais rígidos, as equipes que apresentarem a partir de quatro casos simultâneos da doença podem solicitar o adiamento das partidas. Foi o que aconteceu com o Sesc/Flamengo, que possui sete atletas contaminadas e já teve três partidas adiadas. 

Diante desse cenário e de uma segunda onda sendo possibilidade quando nem ao menos parecíamos ter nos livrado da primeira, uma série de questionamentos vem à tona. É plausível se utilizar o formato de competições padrão? Estariam as confederações planejando protocolos suficientes? Qual nosso papel como sociedade diante dessa exposição de pessoas que podem ser vetores da doença que preocupa a todos no mundo? 

Pensar que o esporte é importante também como entretenimento nesses tempos difíceis sustenta que se busque alternativa para manter as programações. Mas é preciso colocar a segurança sanitária em primeiro lugar. Nos Estados Unidos, de julho a outubro, a NBA foi disputada em formato de “bolha”, com uma estrutura centralizada na Flórida, onde foi disputada todo o restante da competição. E deu certo. Nenhum caso de Covid entre atletas, comissão, imprensa ou organização. Por aqui, pequenas bolhas também foram pensadas.  Viabilizar saídas para esses que são grandes campeonatos, precisa ser prioridade das confederações. 

Além de comprometer a qualidade das disputas, o grande índice de contaminação pelo novo coronavírus entre os atletas é também termômetro de como estamos vivendo a pandemia.