Mesmo que esse espaço seja destinado à música, é difícil fugir de uma perda que abalou inúmeros na última semana. Faleceu na quinta-feira passada Tarcísio Meira, o maior galã da história da televisão brasileira. Junto com sua esposa, Glória Menezes, o ator adentrou nossas casas pelas telinhas no decorrer de mais de 60 anos nos encantando com a arte de interpretar.
A morte do vetereno me abalou de muitas formas. Em primeiro lugar, pelo exemplo de amor no qual Tarcísio e Glória representavam para um país, sentimento que, de alguma forma, todo mundo deseja viver alguma vez na vida como o casal. Outra questão, essa que me fez ficar reflexivo, é como a televisão e, em especial, as novelas fazem parte da nossa história e seus personagens (fictícios e reais) são íntimos nossos.
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Dentro desta perspectiva, é impossível não destacar certas trilhas sonoras que imortalizaram na memória popular por meio dos folhetins. É difícil não fazer essa correlação, e assim como os atores, não se tornar íntimos também dos cantores e compositores.
As novelas, entre as décadas de 1960 e 1990, eram tão importantes que discos foram lançados com as faixas musicais temas dos personagens, com direito a capa sofisticada, com arte, bem trabalhada e esses trabalhos eram vendidos em longa escala pois a televisão era a queridinha do Brasil.
Já que estamos falando de Tarcísio Meira e para exemplificar o quão eram importantes as trilhas sonoras nessas histórias, é impossível não falar da novela “Irmãos Coragem”(1970) no qual teve repertório todo original exclusivo para a obra e produzido por Nelson Motta.
As canções presentes eram tão ricas que tinham nomes como Dorival Caymmi, Tim Maia, Jair Rodrigues e Villa Lobos. Foi nesse trabalho que ficou popularizado também a música Menina de Paulinho Nogueira, até hoje um dos grandes sucessos do compositor.
Agora na trilha sonora de “O Homem que deve Morrer”(1971), Tarcísio Meira não se fez somente protagonista da história, como também da capa do disco e até arriscou a cantar junto com sua querida Glória a última faixa do álbum, “O mesmo Sol” de Nonato Buzar.
Dentro desse clima musical e noveleiro, caio na linha delicada de fazer listas e menciono cinco temas de aberturas de novelas que embalaram gerações. As faixas ganharam ainda mais sentido como trilhas das tramas e ganharam os lares brasileiros.
A música Pecado Capital (1975) foi composta sob encomenda para ser tema principal da novela. De autoria de Paulinho da Viola, a música foi gravada pelo artista e virou tema de abertura da novela. “Dinheiro na mão é vendaval”, são versos que marcaram os telespectadores encantados pela história dos protagonistas Carlão e Lucinha.
Em 1978 as Frenéticas estouraram com o tem Dancin’ Days que dava até nome a novela. A trilha sonora da novela vendeu quase um milhão de cópias e teve como escolha do produtor Guto Graça Mello. A novela alcançou 58 pontos de Ibope na época e até hoje é lembrada nos corações dos noveleiros.
A novela Água Viva (1980) tinha como trama dois irmãos disputando pelo amor de uma mulher. O cenário propício do Rio de Janeiro ganhou como trilha sonora de abertura a levíssima Menino do Rio, de autoria do Caetano Veloso e gravada pela Baby do Brasil. A música casava com o espírito também inquieto da novela em um Brasil que lutava por liberdade. Foi um sucesso!
A lambada nos anos 1990 era um sucesso, e para ser tema de abertura de uma história que envolve drama e comédia, o brega e chique foi escolhido a dançante “Me Chama que eu vou” de Torquato Mariano e Cláudio Rabello na voz do galã Sidney Magal e colocou os noveleiros para dançar!
A novela Fera Ferida (1993) não podia ganhar outro tema como a composição de Roberto Carlos de mesmo nome, só que na voz da inigualável Maria Bethânia. A trama baseada na obra de Lima Barreto tinha uma boa trilha sonora incluindo pérolas de Fátima Guedes, Ari Barroso e Rita Lee.