Peeling de fenol: o que é, qual valor e quem pode fazer o procedimento que 'troca a pele'

Procedimento viralizou nas redes sociais por fazer rejuvenescimento profundo, mas requer cautela pois oferece riscos à saúde

Legenda: Clínica compartilhou antes e depois de paciente após peeling de fenol
Foto: Reprodução/TikTok

Com resultados surpreendentes e um processo chocante, o peeling de fenol viralizou no TikTok nesta semana. Em um vídeo publicado na rede social, que conta com mais de 18 milhões de visualizações, uma clínica de estética e dermatologia, de Caxias do Sul (RS), mostra o procedimento realizado em uma paciente com a formação de crostas e “troca da pele”.  

O tratamento promove uma renovação da pele por meio da aplicação do ácido fenol no rosto, que age promovendo uma queimadura química e estimulando a produção de colágeno. Por isso, o procedimento se popularizou como um potente redutor de rugas e linhas de expressão.  

Veja também

Os peelings já são bastante populares e existem uma diversidade no mercado para diferentes finalidades. A dermatologista Sissi Cláudio Mota pontua que esses procedimentos consistem em uma “destruição controlada da pele, por meio da aplicação de um ou mais agentes cáusticos na pele”.  

“A depender da concentração e composição desses agentes, eles podem ser classificados como peelings superficiais, médios ou profundos”, acrescenta.  

O que é o fenol? 

O dermatologista e especialista em peeling de fenol Madson Sales explica que o composto é um ácido que gera uma queimadura de segundo grau na pele. “Assim, há um estímulo da produção de colágeno, é como se nascesse uma pele nova”.  

“Antigamente, na época das guerras, o fenol era usado como antibactericida e analgésico, depois descobriram que ele estimulava o colágeno. Por isso, há pelo menos 30 anos, era usado só pra pele envelhecida com a finalidade de rejuvenescimento”.  
Madson Sales
médico

Conforme a dermatologista Sissi, o fenol é um agente químico que produz, em determinadas concentrações, coagulação das proteínas da pele, sendo classificado como profundo, devido ao seu alto grau de penetração na pele. 

A alta concentração do fenol, contudo, tem propriedade cardiotóxica e pode causar intoxicação no coração, rins e fígado. “O peeling é um ácido bem concentrado e essa concentração tem uma ação sistêmica no organismo, podendo atingir a corrente sanguínea e causar intoxicação”, explica Madson.  

Quando realizado em altas concentrações, os riscos são altos e o procedimento deve ser realizado em centro cirúrgico com monitoramento cardíaco, anestesia geral e outros cuidados, segundo a dermatologista Sissi.  “Com relação ao pós-procedimento, as complicações possíveis são as de manchas e cicatrizes indesejadas na pele, além do risco de infecções bacterianas”. 

Ácido diluído 

Hoje, já é possível fazer o peeling em consultório ou ambulatório usando o fenol diluído em uma mistura composta basicamente de ácido, óleo de croton e detergente. “Precisa de uma concentração 100 vezes maior da que eu uso atualmente pra causar algum risco no coração, de acordo com estudos”, pontua o médico.  

Dessa forma, além de ser utilizado pra rejuvenescer, o peeling pode ser feito por quem quer tratar cicatrizes de acne, flacidez da pele, poros dilatados, melasma e manchas no geral, de acordo com Madson.  

“Conseguimos uma melhora de até 90% em cicatrizes de acne com uma sessão, dependendo do paciente. Quando em uma sessão o resultado não é satisfatório, fazemos um retoque com 30 dias de intervalo”.  

Quem não pode fazer?  

Madson destaca que o procedimento é contraindicado para quem tem problemas cardíacos, arritmias, gestantes e lactantes, doenças crônicas que estejam fora de controle, que apresente feridas ou inflamações na pele. Pessoas com acne crônica e inflamada também não têm recomendação.  

Já para aqueles pacientes que apresentam rosácea ou dermatite podem fazer, desde que a situação esteja em controle. “Quem tem a pele sensível e fina pode fazer, mas a recuperação é mais lenta”. 

Sissi acrescenta que o paciente ideal é o de pele clara, com rugas finas e que deseje tratar condições como cicatrizes, manchas, rugas e outros danos solares.

“Além disso, o paciente deve ter avaliado a história clínica e exames para descartar doenças prévias, principalmente problemas cardíacos e renais”. 
Sissi Cláudio Mota
médica

Quanto custa o peeling de fenol?  

Os valores dependem do profissional e da técnica realizada. Conforme Madson, o peeling na forma mais tradicional, ou seja, em maior concentração, chega a custar R$ 30 mil a sessão. Já no caso do uso do fenol diluído, o valor é de uma média de R$ 10 mil por sessão.  

Nesses valores, estão incluídas as realizações de retoques, caso sejam necessários. “Eu faço até dois retoques por paciente no intervalo de 30 dias entre cada aplicação”, afirma o médico.  

Resultado em 4 meses 

O resultado do peeling é visualizado após quatro meses da aplicação, quando a pele se recupera completamente da queimadura. No pós-procedimento, é necessário ficar sete dias em casa e, após esse período, as crostas começam a cair. Quando realizado no centro cirúrgico, a recuperação dura em torno de 15 dias.   

“Depois dos sete dias, pode voltar às atividades e começamos os cuidados em casa, com pomadas cicatrizantes e protetor solar. A partir daí, fica uma vermelhidão de uma queimadura e vai clareando gradativamente. Em média, de dois a quatro meses que o tom de pele volta ao natural, mas eu indico ficar até seis meses sem pegar sol”, destaca.  

Embora não haja na literatura médica estudos que indiquem um limite para a realização do peeling, Madson afirma que indica um intervalo de, pelo menos, um ano.  

 



Assuntos Relacionados