Moro quer candidato próprio no Ceará, mas admite dividir palanque local com Bolsonaro

Até o momento, o Podemos está alinhado ao pré-candidato Capitão Wagner, que está mais próximo do bolsonarismo; Moro falou com este colunista sobre a possibilidade de mudar de partido

Legenda: Sérgio Moro diz não ter intenção de deixar o Podemos, mas alerta que seu porjeto é de País e não de um partido só
Foto: Fabiane de Paula

O pré-candidato a presidente da República Sérgio Moro (Podemos) quer no Ceará, de preferência, um palanque local próprio do seu partido ao governo do Estado, mas admite que as composições políticas podem conduzir à divisão de palanque entre ele e o presidente Bolsonaro. Diante das especulações de que poderia inclusive mudar de partido, Moro disse não pensar na possibilidade, mas alerta que o seu projeto é “de País não de um partido só”. 

O ex-ministro e ex-juiz da Lava Jato deu a declaração com exclusividade a este colunista, por ocasião da visita que fez na manhã desta terça-feira (8) ao Sistema Verdes Mares, onde concedeu entrevista à Rádio Verdes Mares. 

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No Ceará, pelo menos por enquanto, o desenho político indica uma aliança do Podemos com o pré-candidato Capitão Wagner, que está filiado ao Pros, mas pode mudar de partido, inclusive para o União Brasil, caso as articulações que estão em andamento tenham êxito. 

Wagner aparece bem nas pesquisas de opinião que estão sendo feitas por todas as correntes políticas, mas está bem próximo da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro no Ceará. Neste caso, a hipótese seria uma divisão do palanque nacional entre Sérgio Moro e Bolsonaro. 

A possibilidade não é descartada por Moro. “As alianças regionais ficarão a cargo aqui do senador Eduardo Girão e do Geraldo Luciano, um quadro novo que está chegando ao partido, e a todo o comando local do Podemos”, resumiu o pré-candidato. 

Dilema à direita

As correntes com atuação mais à direita e no campo conservador enfrentam um dilema no Ceará e que se replica em outros estados. Parte considerável está em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, mas outra fatia se alinha a Sérgio Moro. A divisão pode ser constatada facilmente nas redes sociais de lideranças políticas locais. 

No caso do senador Eduardo Girão, por exemplo, a cada postagem nas redes ao lado de Sérgio Moro, há um considerável número de comentários críticos à aliança, sempre fazendo referência à preferência por Bolsonaro. 

Moro tem reforçado, entretanto, que não há possibilidade de acordo com o atual presidente do ponto de vista eleitoral e que a política de alianças da sua candidatura será tratada em outro momento.

Eis o dilema que demandará habilidade política do senador Girão e do próprio pré-candidato Capitão Wagner para ser resolvido.

Alianças nacionais 

Questionado sobre as especulações de que ainda poderia mudar de partido para a disputa eleitoral, Moro disse não ter este propósito, mas fez uma ponderação.

“Nossa ideia é que as alianças nacionais aconteçam a partir do Podemos. O que precisa ficar claro é que o meu projeto não é de um partido só. É um projeto de País”.
Sérgio Moro
Pré-candidato a presidente (Podemos)

Na imprensa nacional, especula-se uma possível articulação de Moro com lideranças do novo partido União Brasil.