Discurso ameaçador de Bolsonaro contamina manifestantes, mas atos estão longe do Brasil real

Pautas irrelevantes criam cortina de fumaça e distanciam País das soluções urgentes para as crises

Legenda: Derrotado na Câmara dos Deputados, o voto impresso foi uma das pautas repetidas nos protestos de rua
Foto: Kid Júnior

As manifestações que ocorrem nesta terça-feira (7) em Fortaleza e em diversas cidades do Brasil mostram um número significativo de pessoas em apoio ao presidente Jair Bolsonaro. No discurso que fez em Brasília, nesta manhã, em tom ameaçador, Bolsonaro voltou a virar a artilharia ao STF e tentou enquadrar o presidente da Corte, ministro Luiz Fux. Com essa postura do presidente, não é de se admirar que as ameaças golpistas se espalhem pelas ruas.

As pautas da manifestação, entretanto, estão bastante longe do Brasil real e dos desafios que o País tem para superar as diversas crises em andamento, algumas das quais têm o presidente como o maior fiador, como esta com o STF.

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Cartazes, faixas e mensagens se multiplicam nas ruas pedindo "voto impresso e auditável". Além disso, ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e contra o Congresso Nacional - pauta totalmente conduzida por Bolsonaro, que incendeia os fanáticos a cada fala pública. De forma mais abstrata, as manifestações falam em "liberdade" e trazem ideais conservadores como a "defesa da família".

Convenhamos, no momento em que o País enfrenta uma inflação que corrói o salário do trabalhador, o preço dos combustíveis em alta galopante e desafios imensos na geração de emprego e renda e na educação, as pautas abstratas formam uma cortina de fumaça sobre os reais problemas brasileiros.

A escalada golpista do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a cogitar a possibilidade "de jogar fora da Constituição" nos últimos dias, o que reforçou nesta terça, agitam uma parte de seus apoiadores mais radicais, entretanto não indicam solução alguma para os problemas do Brasil real. 

Estes necessitam, ao contrário, de um ambiente mínimo de pacificação, de união entre os poderes e instituições para serem superados. Com a popularidade do governo em queda e a falta de liderança para um freio de arrumação absolutamente necessário, só resta a Bolsonaro convocar os apoiadores às ruas para mostrar alguma "força". As premissas, entretanto, são falsas. O 8 de setembro está exigir respostas concretas que, certamente, não virão.