Com previsão de crescimento, Aeroporto de Mossoró (RN) enfrenta gargalos para se adequar à demanda
O aeroporto de Mossoró Dix-Sept Rosado, em Rio Grande do Norte, precisa se livrar de precariedades históricas para acomodar melhor o número crescente de passageiros de 2024.
Nesse âmbito, fizemos um voo entre a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte e Fortaleza no último domingo (07/01) com a Voepass.
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O aeroporto de Mossoró tem uma pista de 1,9 mil metros de extensão e um pátio de estacionamento com 150 metros de largura e 65 metros de comprimento.
O local acomoda jatos médios e aeronaves regionais, como o ATR. No entanto, o terminal possui vários vícios insanáveis na estrutura atual de passageiros que não conversam com a demanda aérea histórica e emergente de Mossoró.
A cidade já possuiu mais de 300 mil habitantes. Nas suas vizinhanças possui uma população que ultrapassa os 500 mil moradores. Já contamos como a cidade reúne várias multinacionais do petróleo e gás e várias grandes empresas do ramo agropecuário, além de um varejo robusto com shopping, atacarejos, além de vida noturna diversificada. A cidade também possui várias instituições universitárias públicas e privadas.
A cidade tem bastante ligação com o Ceará por ser próxima à divisa dos estados e utiliza bastante dos serviços oferecidos em Fortaleza, por exemplo, como do próprio aeroporto Pinto Martins. Mossoró tem o porte de Juazeiro do Norte-CE em população, porém possui um PIB de R$ 6,5 bilhões, 20% maior que o PIB da cidade cearense.
Assim, é muito anômalo Mossoró ter um aeroporto tão ruim no iniciar do ano de 2024. Lembro que Mossoró recebe voos comerciais de ATR, aeronave bimotora robusta, há mais de 7 anos.
Igualmente estranho a cidade não ter entrado em nenhuma rodada de concessão dos aeroportos que aconteceu no Nordeste. Pergunto-me quão provável é isso? Faltou vontade?
Já informamos sobre como as concessões ajudaram a transformar a realidade de vários aeroportos no Nordeste.
Acontece, porém, que o aeroporto de Mossoró apenas em setembro de 2023 saiu dos braços do Governo Potiguar, ou seja, não estava ligado à União ou à Infraero. Assim, não entrou nas concessões executadas pelo ente maior.
Grande precariedade
O terminal de passageiros não é climatizado, possui espaço limitado para check-in e despacho de bagagens e, o grande gargalo: a sala de embarque do aeroporto, é minúscula para 70 passageiros, a quantidade que exige o ATR.
Imagine se um ATR da Azul atrasa e a cidade acaba com duas aeronaves (Azul + Voepass) em solo!? Como fica para até 280 passageiros embarcando/desembarcando em menos de uma hora? Impraticável.
Assim, com tamanhas limitações, não há forma de acomodar confortavelmente (nem desconfortavelmente) todos os passageiros.
O espaço ainda concorre em área disponível com o corredor da área de raio-x. A sala de desembarque é igualmente pequena e deve gerar transtorno aos passageiros na restituição de bagagens.
Segundo a Secretaria de Infraestrutura do Rio Grande do Norte (Seinfra) e a Infraero, estatal concessionária do Aeroporto de Mossoró - Governador Dix-Sept Rosado, o equipamento é certificado para operação de aeronaves de código referência 2C de aeronave (ICAO- Organização Internacional de Aviação Civil) e possui autorização especial para operação do ATR-72, dado que é aeronave 3C.
Essa informação evidencia e muito as limitações correntes do aeroporto de Mossoró, dado que até a operação de um bimotor como o ATR (turbohélice para 70 lugares) precisou ser adaptada.
Um exemplo de aeronave 2C seria o ATR-42, para apenas 40 passageiros.
Melhorias previstas
A Infraero informou que há previsão de melhorias e obras já a partir de janeiro deste ano.
“A equipe técnica da Infraero elaborou o projeto para as obras de reforço, recapeamento e implantação do grooving (ranhuras para escoamento de água) na pista de pousos e decolagens, além de melhorias no pátio e na pista de taxiway. A licitação está publicada com abertura prevista para dia 17 deste mês de janeiro. Estas obras são fundamentais para que o aeroporto possa receber aeronaves tipo jato na categoria 3C, com capacidade para até 189 passageiros”, informou a empresa.
“Além disso, a construção de mais de 5.700 metros de muro patrimonial já foi licitada e as obras iniciam este mês de janeiro. Nos próximos meses, será publicada a licitação para instalação do PAPI (Indicador de Trajetória de Aproximação de Precisão). O PAPI é um equipamento de auxílio visual à navegação aérea que consiste, basicamente, em um sistema de luzes vermelhas e brancas para confirmar ao piloto o ângulo correto de rampa de aproximação da aeronave. O sistema oferece mais segurança nos pousos, tanto noturnos quanto diurnos”, adicionou a estatal.
A Infraero também informou sobre intervenções no terminal de passageiros, após a coluna questionar se há planejamento neste sentido.
“O desenvolvimento do aeroporto prevê planejamento de ações de curto, médio e longo prazo para possibilitar a operação, com segurança e conforto, de voos com aeronaves maiores. Para isso, há estudos preliminares que contemplam reforma e ampliação do Terminal de Passageiros e que serão divulgados oportunamente.”
Na minha opinião, portanto, fala-se em recebimento de aeronaves de maior porte, porém não há ainda uma definição clara de o que será feito para atender ao tráfego comercial hoje existente. Entendo que, conjuntamente com todas as ações para que voar seja seguro (há pendências), o terminal de passageiros deve ser prioridade zero.
Não pode haver ação de curto, médio, ou longo prazo: o tempo para adaptações já acabou há vários anos, infelizmente. Precisaria haver intenções e propostas claras de curtíssimo prazo para se entregar o aeroporto realmente funcional, no mínimo, para os 70 passageiros.
Como dito pela própria Infraero, já faz 1 ano que a companhia assumiu o aeroporto.
Há algumas semanas, a imprensa nacional deu a entender que o Governo Federal forçaria novas concessões de aeroportos do Nordeste, em troca de investimentos e construção de novos terminais.
Mudará novamente de mãos o aeroporto de Mossoró?
Quanto tempo isso levará?
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.