Como estão as concessões de aeroportos nordestinos? Veja situação dos terminais
Ao final da década de 2000, o Brasil desejava deixar o Caos Aéreo para trás e se preparar para os grandes eventos esportivos recém-conquistados: Copa das Confederações (2013) e Copa do Mundo de Futebol (2014) e as Olimpíadas do Rio (2016).
Precisaria de aeroportos melhores, portanto, que oferecessem melhor nível de conforto aos brasileiros e aos milhares de turistas do mundo inteiro.
Nessa ideia, já são quase 10 anos desde que a Região Metropolitana de Natal-RN (Aeroporto de São Gonçalo do Amarante – ASGA) ganhou um aeroporto novo, construído do zero, moderno, de primeiro mundo. Os primeiros voos comerciais do aeroporto se iniciaram ao final de 2013, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Foi o primeiro grande aeroporto do nordeste a ser gerido por uma empresa privada.
A concessão do Aeroporto de Natal foi diferente por envolver a construção de um aeroporto do zero. Não surgiu da privatização de um aeroporto estatal, e trouxe toda a modernidade que se esperava de operadores particulares.
O aeroporto (tradicional) comercial de Natal que ficava em Parnamirim (Região Metropolitana de Natal) tinha 4 pontes de embarque. Já o novíssimo terminal de São Gonçalo nasceu com 8 pontes, é um dos aeroportos mais bonitos do Brasil (até então), é o mais amplo do Nordeste, com uma pista de 3 mil metros de comprimento, padrão internacional, e também a mais larga pista do Brasil, com 60 metros, se credenciando a receber o belo monstro Airbus A380.
Assim, o caso de Natal, muito cedo da década passada, deixava claro que os aeroportos do Nordeste (do Brasil também) careciam de mais espaço, modernidade, gestão mais ágil, menos burocrática.
No caso de Fortaleza, a concessão do Aeroporto Pinto Martins foi a redenção para uma obra de ampliação iniciada ainda pela Infraero, mas que acumulara anos de baixa execução (2012-2014) e transtornos aos passageiros, como reavivamos na coluna dos 25 anos no aeroporto da capital cearense:
Concessões de aeroportos públicos
As concessões nasciam com essa missão de impulsionar aeroportos saturados de passageiros e/ou terminais acanhados. As empresas concessionárias tinham como dever a capacidade de investir (orçamento gordo) e melhorar os aeroportos disruptivamente.
Assim, em 2015, os 2 primeiros aeroportos do Nordeste a serem concedidos foram anunciados:
- Salvador
- Fortaleza
O que surgiu da concessão desses dois terminais (2019 em diante) foi ao encontro de tudo que se almejava: aeroportos revitalizados, modernos, mais bonitos, muito maiores, pistas de pouso e decolagem mais seguras e contavam com a expertise de grandes empresas internacionais para as respectivas gestões. Salvador: Vinci Airports; Fortaleza: Fraport.
Quase 10 anos após o primeiro aeroporto privado do Nordeste então, o ciclo das concessões na região está quase finalizado entre os 20 maiores aeroportos nordestinos e trouxe/trará melhorias mais perceptíveis, sobretudo para as 9 capitais, bem como aeroportos do interior.
Os 20 aeroportos respondem por mais de 98% dos passageiros que passaram pela região nordeste em 2023.
Passamos a detalhar as principais melhorias trazidas pelas concessões nos 20 aeroportos acima com exceção para Porto Seguro, Ilhéus, Vitória da Conquista, Noronha, Jeri, Barreiras, Una e Mossoró.
Os 13 aeroportos trabalhados responderam por 90% da movimentação de passageiros no Nordeste em março de 2023, segundo a Anac.
Aena
Os aeroportos do Bloco da Aena têm previsão de estarem prontos entre junho e dezembro de 2023. “A Aena está investindo R$ 1,4 bilhão em obras estruturais para implantar no Brasil o padrão da matriz, tornando os aeroportos mais seguros, confortáveis, tecnológicos e sustentáveis, e garantindo a melhor experiência aos milhares de passageiros que passam diariamente pelos terminais”, informou a operadora à coluna.
CCR Aeroportos
Durante o primeiro ano sob a administração da CCR Aeroportos, os Aeroportos de São Luís (SLZ), Teresina (THE), Imperatriz (IMP) e Petrolina (PNZ) passaram por uma série de reparos estruturais. As medidas foram importantes para possibilitar mais conforto e segurança a passageiros e trabalhadores.
Os aeroportos ficarão ainda melhores, pois, em breve, a CCR dará início às obras de modernização dos quatro terminais, que vão elevar a qualidade dos serviços oferecidos. Os trabalhos terão início ainda em 2023 e deverão ser concluídos até o fim de 2024.
Todos eles terão os terminais de passageiros reformados e ampliados. O detalhamento dos projetos será apresentado à sociedade neste mês de maio. A previsão é que as quatro obras gerem, juntas, cerca de 650 empregos diretos e serão investidos R$ 310 milhões.
A CCR não nos enviou fotos das melhorias implementada até aqui.
Fraport Brasil
A Fraport Brasil, operadora do Pinto Martins (Fortaleza Airport), informa que tem desenvolvido um trabalho sério com foco na segurança e qualidade de serviços e operações oferecidos aos passageiros e usuários.
“As obras de ampliação e reforma do Terminal de Passageiros e a ampliação da pista foram concluídas antes do prazo e temos grande orgulho de mostrar esse nosso compromisso com a cidade e estado. O investimento total é de R$ 1 bilhão”.
Vinci Airports
Buscamos a assessoria de imprensa da Vinci Airports, concessionária do aeroporto de Salvador, mas até a publicação desta coluna, não nos enviaram comentários sobre as ampliações do equipamento da capital baiana.
Principais melhorias nas capitais
Recife: terá 40% a mais de espaço de terminal de passageiros, que vai passar de cerca de 50 mil m² para mais de 70 mil m² e novas pontes de embarque. Duas salas VIPs estão em fase de construção e devem entrar em atividade no segundo semestre de 2023. Além disso, sete novos hangares já foram construídos. Os novos equipamentos ficam localizados no lado oposto aos antigos, ao lado da Base Aérea.
Salvador: ampliação de terminal de passageiros em 42%, novo terminal píer, maior terminal do nordeste (94 mil m2), 19 pontes de embarque.
Fortaleza: ampliação de terminal de passageiros em 94% (70 mil m2 contra 36 mil m2), ampliação da pista de pousos e decolagens em 210 metros, para 2.755 metros.
Natal: aeroporto construído do zero com área 4 vezes (40 mil m2) maior que aeroporto de Parnamirim, o primeiro belíssimo e moderno aeroporto do Nordeste dos últimos 20 anos;
Maceió: três novas esteiras e carrosséis de bagagem, embarques remotos nas áreas leste e oeste do terminal. Passa a contar com raio-x em todos os voos, na esteira de restituição, uma posição a mais de estacionamento de aeronaves, chegando a 12 e upgrade de categoria de aeronaves, estando apto a receber aeronaves 4E, como as versões do A340, Boeing 777 e outros.
São Luís: Revitalização do sistema de climatização, iluminação modernizada do saguão do aeroporto. Melhoria da sinalização no pátio de aeronaves e da pista de pousos e decolagens – com revitalização de traçados, placas e luminárias. Aeroporto será modernizado.
João Pessoa: 40% mais área de terminal de passageiros (12.500 m2). Dobro de área na sala de embarque e desembarque, mais posições de check-in. Implementação de duas pontes de embarque (gate móvel), as primeiras do aeródromo.
Aracaju: Aumento da sala de embarque de 950m2 para 1.800m2. Implementação de duas pontes de embarque (gate móvel), as primeiras do aeródromo. Aumento também da sala de desembarque de 785m2 para 1.150m2. Ganhará também esteira de bagagem extra quando da entrega da área internacional.
Teresina: Revitalização da sinalização horizontal da pista e do pátio de operações do aeroporto, renovação da sinalização horizontal no meio-fio da área externa de embarque e desembarque. Aeroporto será modernizado.
Aeroportos do interior operados por CCR e Aena
Juazeiro do Norte: a área de check-in, balcões e esteiras passa de uma área de 106 para outra de 200m2, pátio de estacionamento das aeronaves tinha quatro posições e terá cinco. Ao final das obras, o salão de embarque ganhará mais um portão (eram dois). O Terminal de Passageiros receberá os espaços definitivos para check-ins com 16 posições operadas pelas companhias aéreas, novas esteiras para as bagagens despachadas, novo canal de inspeção e backoffice para as companhias aéreas.
Campina Grande: depois das obras, o terminal de passageiros fica com uma área total de 3,3 mil m². No lado ar, o pátio terá a ampliação de 10,7 mil m², enquanto a pista de táxi ganhará 17,7 mil m² a mais. A fachada do terminal campinense já ganhou uma nova cara e foi completamente renovada.
Petrolina: revitalização das pinturas das áreas externa e interna, aprimoramento do sistema de internet do local. Inspeção no setor de climatização com substituição de compressores. Aeroporto será modernizado.
Imperatriz: requalificação de infraestrutura, instalação de mais aparelhos de ar-condicionados, revitalização da calçada de acesso ao terminal. Aeroporto será modernizado.
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.