Assisti com certa perplexidade a reação de parte da torcida do Ceará após o jogador Cléber, atacante escalado na vitória contra o Tombense, ter sido alvo de pedidos irônicos de substituição após cair no gramado.
Torcedores pediram a saída do jogador sem saber se ele teria se machucado gravemente ou se era algo simples. Protestaram naquele momento pela produção ruim dele. Acharam essa forma de expor insatisfação.
Respeito quem achou a cena bem-humorada, é uma forma de ver. Mas não foi esse sentimento que bateu em mim. Me senti solidário ao atacante por motivos variados que posso elencar aqui.
Cléber vem abaixo do que o torcedor deseja, isso é fato. Mas ele, definitivamente, não é único, algo que também é unânime no time, até para a posição de centro-avante.
O que não consigo entender é por qual motivo a queixa sobre Cléber é fora do tom com relação aos demais? Por qual motivo ela parece ultrapassar a questão do campo e entrar na esfera pessoal? Ele é o único que vem jogando mal?
Aí vou ao ponto do título deste texto. Qual o limite da crítica e da desumanidade? Criticar jogadores após uma atuação ruim, por não aparentar estar se dedicando aos treinos é aceitável.
Mas mergulhar um atleta em desgraça sem ele sequer entrar em campo, só pelo fato dele estar ali, me parece desumano.
As informações que tenho é que Cléber é dedicado aos treinos, está em plena forma e está tentando dia após dia voltar aos bons momentos de início do Ceará, quando fez gol em final de Copa do Nordeste e outros importantes na Série A 2020, como em dois Clássicos-Reis. Não está jogando bem? Não está, mas está canalizando todas as frustrações do torcedor por outras situações do clube.
Do jeito que está, não há ambiente para que o atleta sequer obtenha a chance de uma redenção. Começa o jogo perseguido. Quem conseguiria trabalhar assim?
A revolta do torcedor com inúmeras situações do clube considero até justas, mas esse ponto específico me parece fora de tom.