Você pode recomeçar em qualquer tempo da sua vida; não deixe que ninguém o(a) convença do contrário
Todos assistiram perplexos ao vídeo de três garotas humilhando uma mulher de 45 anos, por se matricular no curso de Biomedicina em São Paulo. Segundo elas, era tarde demais para isso! Será? Sem polemizar ou crucificar, até porque acredito mesmo no arrependimento das pessoas que fizeram o vídeo, esse assunto dá o que falar. Vamos refletir?
Existe um padrão que devemos seguir para recomeçar? Hoje estamos em meio a “padrões”! Padrão de beleza, de vida, de família, de sucesso... até que ponto isso tudo é válido e deve nortear nossas vidas? É justo afirmar que existe idade para construir uma carreira com significado? Claro que NÃO! O melhor momento é o seu!
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Atuo como mentora de carreira há muitos anos. Criei um método próprio para desenvolver esse processo que envolve 4 (quatro) saberes necessários ao indivíduo que deseja recomeçar ou realinhar o seu status de carreira, e é sobre eles que quero conversar com você neste post.
Ouvindo o relato de Patrícia, que foi alvo das críticas das autoras do vídeo, vi o quanto “doeu” tudo o que aconteceu, mas, ao mesmo tempo, vi uma mulher mais fortalecida para seguir em frente e realizar os seus sonhos. Ela transformou dor em força e contou com o acolhimento dos colegas de turma. Tenho certeza de que Patrícia entrou em contato com os por quês que motivaram a sua decisão de recomeçar e voltar a estudar. Ela exercitou o primeiro saber: quem sou e qual o meu propósito?
Às vezes, as reflexões que nos impulsionam não são tão estruturadas assim. Normalmente, sentimos uma inquietação com o nosso cenário atual e, assim, somos motivados a encontrar respostas. A questão é: as respostas devem ser encontradas em nós e não no ambiente externo. Quando ouvimos primeiro o que o ambiente externo tem a dizer, corremos o risco de desistirmos ou de distorcermos o que podemos ser e fazer.
Como alinhar a carreira com a sua essência
Para que você tenha uma carreira alinhada com a sua essência, invista no autoconhecimento. Isso pode ser feito por meio de terapia, da meditação, do exercício de sua fé e, até mesmo, da coragem para se questionar. Quais são seus talentos? O que você ama fazer? O que você faz bem? Por que o seu cenário atual não é mais o suficiente? O que você precisa transformar para estar mais próximo do legado que deseja entregar e deixar?
Essa investigação, sem dúvida, é o passo mais importante e deve ser feita com profundidade. Os demais tornam-se fáceis quando sabemos exatamente para qual missão fomos chamados. Reforço que o autoconhecimento é contínuo e só é concluído quando morremos. Depois disso, o que resta é o conhecimento dos outros sobre o que fomos e deixamos. Portanto, o primeiro saber é contínuo e, com certeza, é a base dos demais saberes.
Vamos em frente?
O segundo saber é: aonde desejo chegar? Traçar objetivos de carreira que estejam alinhados com o primeiro saber é o próximo passo. Para que isso aconteça, precisamos ter compreendido minimamente o que nos move, qual é o nosso propósito. Ele servirá de bússola para continuarmos a jornada sem nos perdermos no caminho. Depois de definir os objetivos de carreira, é hora de se aprofundar no terceiro saber: como estou? O que preciso alinhar hoje para chegar ao ED?
Muitas vezes definimos os nossos objetivos de carreira, ignorando como a nossa vida está. Avaliar questões relacionadas à família, ao equilíbrio financeiro, à espiritualidade, à saúde e à qualificação profissional é imprescindível para a elaboração de um planejamento consistente, com metas realistas e exequíveis. A roda da vida é uma boa ferramenta para esta reflexão, mas você pode fazer diferente. Para cada objetivo de carreira, analise o que precisa ser ajustado na área específica, por exemplo:
Para o objetivo MORAR FORA DO PAÍS, o que preciso ajustar na minha vida hoje para que isso seja possível? Preciso criar uma reserva financeira? Retomar o estudo de uma segunda língua?
Finalizando...
Agora é hora de estruturar todas as informações. Vamos para o quarto saber: o que preciso fazer para chegar ao ED? Neste estágio é importante considerar o conhecimento obtido nos três primeiros estágios e responder quatro perguntas estratégicas para a elaboração do plano de ação:
1. O que preciso potencializar? Como e quando farei? Com quem posso contar? Como medirei o sucesso dessas ações?
Essa pergunta leva em consideração os talentos e os conhecimentos que apoiarão os objetivos de carreira.
2. O que preciso transformar/aprimorar? Como e quando farei? Com quem posso contar? Como medirei o sucesso dessas ações?
Essa pergunta leva em consideração os comportamentos passíveis de melhoramento, aspectos do estado atual de vida e o aporte de conhecimentos que precisam ser transformados/aprimorados para apoiar os objetivos de carreira.
3. O que preciso iniciar? Como e quando farei? Com quem posso contar? Como medirei o sucesso dessas ações?
Essa pergunta leva em consideração o que você precisa inovar ou começar a fazer para a alavancagem de carreira.
4. O que preciso prevenir? Como e quando farei? Com quem posso contar? Como medirei o sucesso dessas ações?
Essa pergunta leva em consideração o ambiente externo do mercado no qual você quer atuar ou a área para a qual você quer migrar para que a alavancagem de sua carreira não seja sabotada.
Comece devagar e com os pés no chão. Crie uma ordem cronológica que o mantenha em movimento. Opte por metas possíveis a curtíssimo prazo e vá graduando o nível de complexidade delas.
Lembre-se: qualquer tempo é tempo para recomeçar! O botão de “start” está em suas mãos. Não deixe que ninguém o convença do contrário. Boa jornada!
Nesta coluna, trarei para você assuntos relacionados a carreira, liderança, coaching e tendências sobre os assuntos. Contribua deixando sua pergunta ou sugerindo um tema de sua preferência, comentando este post ou enviando mensagem para o meu Instagram: @delaniasantoscoach.
Será maravilhoso ter você comigo nesta jornada. Até a próxima!
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.