Precisamos de mais políticas públicas voltadas à diversidade na terceira idade

Escrito por
Dediane Souza producaodiario@svm.com.br
Foto: Divulgação/Parada pela Diversidade Sexual do Ceará

A Parada pela Diversidade Sexual do Ceará chega à 24ª edição com o tema "Quem Chora por Nós? Visibilidades, Orgulho e Direito de Envelhecer!".

Refletir sobre o envelhecimento das populações LGBTI+ é falar de justiça social. De respeito à diversidade. De construção de uma sociedade mais inclusiva e acessível.

Precisamos de mais iniciativas de acolhimento. De mais políticas públicas voltadas à diversidade na terceira idade. De valorização da memória LGBTI+. E é aqui, na Parada,que a gente diz, mais do que nunca: todas as vidas importam!

Só seremos uma democracia de verdade se nas instituições, nas ruas, na vida das LGBTI+, da classe trabalhadora, nas quebradas da juventude negra e na rotina exaustiva das mulheres tivermos asseguradas nossas identidades!

Por isso, a Parada pela Diversidade Sexual exige o fim do genocídio de travestis e pessoas trans no Ceará. Ano após ano, nosso estado permanece entre os mais violentos do Brasil, que já é o país que mais mata pessoas LGBTI+ no mundo há 15 anos seguidos! Desde 2017, nós perdemos 107 pessoas trans e travestis cearenses assassinadas.

No nosso país, essas pessoas só vivem, em média até os 35 anos. Ou seja: não envelhecem. E não envelhecem, não porque não conseguem. É porque são mortas! São interrompidas. E nós não admitimos mais ser interrompidas!

Reivindicamos uma educação que nos respeite. Políticas de segurança pública que nos protejam, em vez de nos exterminar. Políticas de saúde para além da prevenção ao HIV/Aids.

Como ato político de resistência e enfrentamento, a Parada é um grito por liberdade e contra a LGBTIfobia, o racismo e o machismo que tornam o mundo tão desigual.

Hoje é dia de dizer que a Parada é dos movimentos sociais! E, por isso, reverenciamos a memória de uma das grandes figuras do ativismo LGBTI+ do Brasil: a eterna Thina Rodrigues. Cinco anos atrás, também em um 29 de junho, ela nos deixou, vítima da pandemia de Covid. Uma travesti negra, de quem herdamos um legado de luta e solidariedade. E em quem nos inspiramos para o tema da Parada deste ano. “Quem chora por nós” era algo que Thina sempre repetia. Uma pergunta para incomodar.

Veja também

Além de Thina, lembramos de Alan Gomes, Luiz Palhano, Noelio Mendes, Marylucia Mesquita, Paulo Diógenes, Condessa Mireille Blanche, Janaína Dutra...

Mas homenageamos também as que estão vivas e ainda se doam ao ativismo: Orlaneudo Lima, Chico Pedrosa, Ferreirinha, Rochinha, Elísio Loyola, Nem, Lena Oxa, Dami Cruz, Alice Oliveira, Fred Lima, Paula Costa, Veronica Guedes, Fabiola Rios, Silvinho Gurgel, Emerson Maranhão, Silvio Lucio, Gadelha, Luana Valim, Viviane Venâncio, Renata Sampaio, Samantha Shiraz, Kátia Barrocas, Farrah, Bárbara Spíndola e tantas outras.

Todas as pessoas têm direito à livre orientação sexual e à identidade de gênero. Ao amor. Celebrar o orgulho de ser LGBTI+ é construir resistências para uma sociedade que nos garanta cidadania plena. É celebrar o direito de ser e de existir no mundo, onde viver é nossa maior bandeira de luta!

Viva o Orgulho LGBTI+!

Vida a Parada pela Diversidade Sexual do Ceará!