O direito de ser Linna, pela política e a poética dos nossos corpos

Linna da Quebrada parte-me de várias formas. E depois me mostra o quanto permaneço inteira

Legenda: Quando vejo Linna, lembro que os nossos corpos falam todos os silêncios
Foto: Divulgação Twitter Linna

Nem todo dia vejo o BBB na TV, mas gosto de acompanhar as polêmicas da casa e vigiar os conselheiros de plantão nas redes da vida. Do pouco entusiasmo que se tem por essa edição, uma personagem pra mim é destaque: ela anda como quem desfila, joga o cabelo em charme transgressor e sorri como quem abraça uma multidão. É Linna, é linda de natureza, e por direito. E aqui nem vou falar de estratégias do game, mas do jogo da vida mesmo.  

Linna da Quebrada parte-me de várias formas. E depois me mostra o quanto permaneço inteira. A mistura de elegância, tranquilidade, certeza, revolta e até desdém com os quais ela defende a si mesma tem sido, pra mim, uma lição de autocuidado, afeto coletivo, e uma aula sobre a política e a poética dos nossos corpos a qual escola nenhuma jamais ensinou-me.

Quando vejo Linna, lembro que os nossos corpos falam todos os silêncios - os que há em mim e em ti, inclusive. E os segredos guardados entre peito e mente transbordam e atravessam passagens infinitas, ainda que pelos meios de caminhos haja barreiras. Pois não estamos aqui para ser quem nos quer padrão, paradigma de conclusões alheias. E se aqui estamos, paradoxos já somos. E temos direito a isso. E pronto! 

Somos quem somos do peito pra dentro, antes de tudo. E de nada também.

Nem sempre temos a postos todas as certezas e respostas sobre o eu - esse em constante travessia de existências. E não há problema nisso, se há respeito por todos os lados. Não deveria ser preciso gritar para merecer e ter esse respeito. Ninguém tem que implorar legitimidade para ser quem se quer ser. Ser é o bastante. E é imenso. 

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Não somos uma caixa fechada de arestas prontas e decoradas e conteúdo conhecido. Não estamos aqui para responder perguntas. Mas a gente sabe onde dói e onde satisfaz. Somos a metamorfose daquilo que tanto pode nos libertar quanto nos prender, a depender da maneira como nos portamos diante do que nos afasta de nós mesmos. Ou nos aproxima. 

Nada, absolutamente nada do que somos, do que temos ou do que o outro pensa de nós, nos tira o direito de ser quem queremos ser. Podendo ou não, nós somos. E, mais uma vez, pronto!

Ainda que sejamos apenas em algum lugar escondido no peito. Se expressamos ou não o nosso real e liberto modo de existência, ninguém tem o direito de dizer quem devemos ser. Ou podemos. Porque "tudo posso". 

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Nossa natureza vem de dentro, e não o contrário. Mas nossos corpos têm todo o poder de expressar o tamanho do ser que há em nós. Da estética desses corpos à serenidade das nossas almas há um passo ou um mundo inteiro, e ainda assim as regras sobre nós, nós é quem sabemos. E é preciso ter força pra dizer sim ou não. Nem sempre há. Mas o direito permanece. 

É por isso, e por outros tantos, que estamos aqui para falar, “quebrando” silêncios, pelo direito de ser quem somos, quem queremos ser. Quem nos transformamos ao longo do tempo. Ou mesmo quem lapidamos todos os dias, entre nossos dizeres e segredos. E estamos aqui pelo meu direito, o seu direito. Tão semelhante ao direito de ser Linna - e linda. Tantos e todos os dias.