É dia de celebrar Iemanjá. Mãe de todos os orixás, padroeira dos pescadores, rainha do mar. O esbanjamento de comida, oferendas, trejeitos e corpos toma as praias de Fortaleza ao som de tambores ancestrais. É festa, um rito para saudar também as diversidades. Este grande momento que precede a condução da imagem de Iemanjá rumo às águas salgadas nos lembra do quão urgente é aceitar, acolher e reverenciar crenças e tradições.
Quando dezenas de pessoas se vestem de azul e branco e pisam nas areias das praias de Fortaleza para saudar a rainha do mar, estão também reivindicando um lugar que sempre lhes pertenceu. Estão superando e se posicionando sobre os tempos em que a festa acontecia às escondidas, empurrada para as dunas da Praia do Futuro porque era um local difícil para a polícia acessar e reprimir. O antigo Bairro de Areia, cenário de uma tradição discriminada.
A festa de Iemanjá marca este território, mas também um povo. Foi enfim reconhecida como patrimônio imaterial de Fortaleza, há alguns poucos anos. Demorou mais de meio século, com muita resistência, para encontrar seu lugar no calendário da cidade. E divide o 15 de agosto com a padroeira da capital cearense, Nossa Senhora da Assunção, celebrada pelos católicos.
O dia é de festa da igreja aos terreiros. As areias da nossa orla se colorem de azul e branco, atraindo dos povos de terreiro a pessoas interessadas em compreender sua cultura. Flores ao mar, som de tambores, energia ancestral. A festa se deslocou da Praia do Futuro para outras orlas da cidade. Mucuripe, Pirambu e Barra do Ceará também estão em festa.
O tempo é de agradecer pela imensa caminhada material e espiritual dos terreiros, pela resistência de culturas e religiões de matrizes africanas. Que a data sirva para combater preconceitos com a beleza que são as oferendas lançadas ao mar para a rainha.
Jangadas desfilam no mar com a mãe dos orixás em suas velas. É o altar dela, mulher, mãe que canta para fortalecer. Se você não cruzou ainda a força de Iemanjá, fica o convite para conhecê-la.
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