O ano de 2021 já passou, mas os ensinamentos ficam. Um dos piores anos para os investidores, uma vez que a bolsa caiu, o dólar foi extremamente volátil e a inflação não deu trégua.
Apesar da recuperação econômica pela ótica do PIB e sinais de recuperação do emprego, o ano passado foi extremante desafiador para os investidores. Incertezas fiscais, pandemia latente, juros em aceleração e a “largada” da corrida eleitoral, foram alguns dos ingredientes amargos de 2021.
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O cenário complexo que se formou, refletiu diretamente nos ativos e índices em 2021. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, caiu 11,93%; e o dólar subiu 7,39%, fazendo a nossa moeda se desvalorizar por mais um ano.
A inflação foi uma tragédia, rompeu o teto (uma das palavras mais usadas na pauta econômica recente) e alcançou a marca de 10,42%*, que além de reduzir o poder de compra das famílias e pressionar as margens de lucros das empresas, prejudicou a sensivelmente a rentabilidade real dos investimentos.
Para conter o processo inflacionário, a Taxa Selic foi elevada, e como consequência, o CDI, que acompanha a trajetória da taxa básica de juros, ficou em 4,46%.
Em 2020, a minha rentabilidade foi de 63,53%, enquanto a bolsa subiu pífios 2,92% e o CDI minguou em 1,86%. O alto rendimento, em grande medida, decorreu da antecipação da saída dos ativos quando se agravava a pandemia em escala global, e o respectivo retorno ao mercado no tempo (quase) perfeito.
A minha carteira, em 2021, registrou rentabilidade de 11,33%. Não foi nada espetacular, mas venci a bolsa, o dólar, a inflação e o CDI. Caso consiga “bater” o mercado, de forma consistente ao longo do tempo, como vem ocorrendo nos últimos anos, o caminho para a liberdade financeira estará cada vez mais próxima.
Quanto aos riscos do meu investimento, o beta** da minha carteira foi de apenas 0,51, quando comparado com Ibovespa. Ou seja, retorno superior ao mercado e risco bem abaixo da principal métrica de comparação no Brasil.
O prêmio Nobel de economia, Harry Markowitz, quando publicou o célebre artigo Portfolio Selection em 1952, foi a pedra fundamental para as finanças modernas e deixou o importante legado: a diversificação dos investimentos.
Nunca esqueça, no longo prazo, a diversificação potencializa os retornos e promove redução de risco.
A partir da ideia fundamental de diversificação, inicialmente, em termos geográficos, direcionei 50% dos meus recursos para o exterior (Estados Unidos) e o restante ficaram no Brasil.
No exterior, o foco dos investimentos foram em ETFs, ações e REITs. Os ETFs da minha carteira foram em índices de ações, ouro e títulos públicos americanos. As ações, de diferentes setores de atividade, foram escolhidas com base no chamado “value investing”. Os REITs (Real Estate Investment Trust), espécie de primo rico dos nossos fundos imobiliários, também foram alocados recursos da minha carteira de investimentos.
Os investimentos nacionais foram destinados para os fundos imobiliários, ações, ETFs, fundo de investimento e títulos públicos. Ações e fundos imobiliários, em razão do cenário mais nebuloso, especialmente da subida dos juros, foram os que mais sofreram na minha carteira.
Os recursos em fundos de investimentos (multimercados) e títulos públicos (LFT e NTN-B) apresentaram retornos em linha com o esperado.
Os resultados mais interessantes da minha carteira, em terras brasileiras, foram nos ETFs, especialmente àqueles direcionados para as criptomoedas, onde os retornos foram espetaculares em 2021.
Para este ano, sugiro a leitura da coluna “Qual a melhor estratégia de investimentos para 2022?”
Vale lembrar que retornos passados não são garantia de rendimentos futuros e que este texto não é uma recomendação de investimentos, haja vista a necessidade de avaliação de perfil e objetivos de cada investidor.
Grande abraço e até a próxima semana!
* Inflação medida pelo IPCA-15 em 2021.
** Beta: Indicador de risco sistemático. O mercado possui beta igual a 1,0. Beta inferior a 1,0 significa risco menor que o mercado.
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.