EA FC pode voltar a ter Série A e times brasileiros licenciados no game

Desde 2019 que a franquia detém apenas atletas genéricos

Escrito por
Alexandre Mota alexandre.mota@svm.com.br
Legenda: Os times brasileiros estão no EA FC por conta dos torneios da Conmebol
Foto: reprodução / EA FC

A Série A do Campeonato Brasileiro pode voltar a ser licenciada no game EA FC, antes denominado de FIFA, desenvolvido pela Electronic Arts. Com a presença de parte dos clubes do país, mas apenas com atletas "genéricos", o debate deve ser retomado com a presença dos novos blocos econômicos que gerenciam a cessão de direitos de transmissão e divulgação dos clubes, como no caso da Liga Forte União (LFU), que detém 11 participantes da 1ª divisão nacional atualmente.

O Diário do Nordeste apurou que o tema está em pauta para análise interna nos próximos meses. O presidente da entidade, Marcelo Paz, atual CEO do Fortaleza, ressaltou que a exploração das marcas no game, um dos líderes mundiais em vendas, é importante também para a valorização do futebol brasileiro e a adesão de novos públicos no exterior, principalmente através dos nomes globais do torneio - o Leão contratou o zagueiro David Luiz, por exemplo.

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Como presidente da LFU, eu entendo que esse é um tema importante. Os games estão diretamente na casa das pessoas, formando torcedores, muitas vezes com crianças e adolescentes que passam a ter um contato mais permanente com clubes de futebol, então é importante que, no Brasil, a gente consiga destravar isso e fazer com que as marcas, os símbolos e principalmente os atletas, que são os grandes artistas do espetáculo, possam estar reproduzidos de forma fidedigna no game, a fim de que o futebol brasileiro possa sempre ficar na vanguarda e no protagonismo. Isso é uma forma de divulgar o nosso produto no mundo inteiro. O futebol brasileiro, atualmente, conta com jogadores de renome mundial, como o David Luiz, Lucas, Oscar, Hulk, Neymar, Depay entre outros, que possuem muito alcance em diversos países, então é muito importante que a gente dê esse passo, a exemplo de outros países, onde se reproduz fielmente a marca dos clubes, os símbolo e os jogadores. Que a gente possa fazer o mesmo no futebol brasileiro".
Marcelo Paz
Presidente da LFU e CEO do Fortaleza

A última vez que a franquia contou com a representação fiel dos jogadores foi em 2019. Desde então, outros torneios foram incorporados através da expansão do game, mas o Brasil ficou fora.

Imagem da escalação do Flamengo
Legenda: A escalação do Flamengo no EA FC 25, última edição lançada pela franquia
Foto: reprodução / EA FC

Em contrapartida, um acordo foi fechado com o eFootball nos últimos anos, game desenvolvido pela Konami, principal rival do EA FC. Para 2026, a situação entre as partes ainda segue indefinida, o que abre margem para novos acordos

Vale ressaltar que atualmente a LFU é formada por 11 times do Brasileirão: Botafogo, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Fortaleza, Internacional, Juventude, Mirassol, Sport e Vasco. Os demais estão na Libra, que é um outro bloco econômico: Atlético-MG, Bahia, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vitória-BA.

Já a última edição do game, o EA FC 25, apresenta 33 ligas de futebol masculino autênticas e 5 competições femininas. Assim, detém 700 clubes autênticos.

Taça da Série A
Legenda: No EA FC, os uniformes são originais, mas os atletas são genéricos desde 2019
Foto: reprodução / EA FC

Direito de imagem é empecilho

No Brasil, a Lei Pelé, em vigor desde 1998, garante que todo jogador de futebol profissional tenha um contrato de natureza civil que permita a exploração comercial da imagem do respectivo atleta. Em momentos anteriores, a EA FC firmou contratos com os clubes para a incorporação dos elencos, mas parte dos vínculos se transformou em acusações na Justiça devido ao “uso indevido de imagem”.

Atleta do Fortaleza no game
Legenda: Um dos atacantes genéricos do Fortaleza no EA FC se chama Eltildo Bessa
Foto: reprodução / EA FC

A maior acusação era de falta de repasse. Logo, os clubes recebiam, mas os atletas não ganhavam.

Deste modo, a Konami fez uma parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a apropriação das Séries A e B através de uma proposta mais vantajosa financeiramente. Com o movimento de fortalecimento dos clubes em blocos, a fim de maior distribuição de renda entre as equipes, a tendência é de novas negociações.

Modelo diferente fora do Brasil

Imagem do Real Madrid
Legenda: O Real Madrid conta com uniformes e atletas reais no EA FC 25
Foto: reprodução / EA FC 25

No exterior, o modelo de negociação do EA FC é diferente. Se o Brasil exige um acordo individual com cada atleta em ação, os trâmites fora do país são simplificados: a franquia negocia diretamente com o responsável pela competição. Logo, ganha o pacote de eventos como Premier League (Inglaterra), La Liga (Espanha) e Bundesliga (Alemanha) de uma única vez, com o combo de times e jogadores.

Os vínculos mais específicos são firmados apenas com “atletas especiais”, como é o caso dos embaixadores, a exemplo do atacante Vini Júnior, do Real Madrid, no EA FC 25, que participa da divulgação do jogo eletrônico. Lendas do game, com o meia Ronaldinho Gaúcho também entram nessa categoria.

O processo é similar ao adotado com a Conmebol, que negociou a cessão da Libertadores e a Copa Sul-Americana. Logo, os classificados estão no game - os brasileiros também, mas sem atletas 'reais'.