A arbitragem que participou do evento internacional foi afastada pelo comitê de esporte amador
O jornal britânico The Guardian revelou, na quarta-feira (29), detalhes de todo o trabalho de investigação realizado nos últimos cinco anos, que aponta pelo menos 10 casos de corrupção no boxe nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016.
"Sabe-se que uma dessas lutas envolve o boxeador irlandês Michael Conlan, que perdeu para o russo Vladimir Nikitin em uma decisão dividida altamente polêmica nas quartas-de-final do peso galo no Rio de Janeiro", afirmou em trecho da reportagem.
Mais detalhes serão esperados na quinta (30), quando o professor Richard McLaren, que conduziu a investigação de 2016 sobre as alegações de doping patrocinado pelo Governo na Federação Russa, dará uma entrevista coletiva para revelar os detalhes da primeira fase de sua investigação sobre o boxe amador.
Início da investigação
McLaren e sua equipe de investigadores da Harod Associates passaram os últimos três meses examinando julgamentos suspeitos após um pedido do órgão regulador do boxe amador, Aiba, para avaliar corrupção. Boatos de irregularidades envolveram o torneio carioca de boxe de 2016 antes mesmo de um soco ser dado.
Horrorizados, oficiais seniores do esporte também disseram a este jornal na época que uma quadrilha de oficiais foi capaz de usar seu poder para manipular o sistema de julgamento e garantir que certos boxeadores vencessem. Quando a Olimpíada teve início, houve então uma fúria generalizada após uma série de decisões altamente questionáveis, com Conlan chegando a culpar a Aiba pela corrupção "do núcleo ao topo" após sua derrota.
"Eles são uns trapaceiros", disse ele ao lado do ringue. "Eles são conhecidos por serem trapaceiros. O boxe amador fede do fundo ao topo. É sobre quem paga mais dinheiro", completou.
Arbitragem punida
Em 2017, a Aiba removeu permanentemente todos os juízes "cinco estrelas" que participaram do Rio-2016 e admitiu que "uma concentração de poder de decisão" e "um eixo de influência indesejável" afetou o julgamento durante as Olimpíadas. No entanto, disse que não encontrou "interferência ativa" nos resultados, mas aceitou que houve um "impacto prejudicial".
Desde então, a Aiba foi suspensa pelo Comitê Olímpico Internacional e há um temor crescente nos círculos de boxe de que o esporte possa ser excluído das Olimpíadas de 2024. No entanto, o corpo governante do boxe amador insiste que mudou sob a presidência de Umar Kremlev, que substituiu Gafur Rakhimov - cujo curto mandato foi encerrado por ele estar na lista de sanções do Departamento do Tesouro dos EUA como "um dos principais criminosos do Usbequistão", o que ele contestou.