Dez anos depois, goleiro Fabiano relembra tetra histórico do Leão

"Paredão" tricolor foi fundamental para conquista do título estadual para o Fortaleza, defendendo o último pênalti que definiu a conquista, em 2010. Ex-arqueiro leonino lembra histórias dos bastidores desse momento

Legenda: Fabiano comemora título com o Fortaleza
Foto: Kid Junior

A torcida tem um carinho por mim que é absurdo. Me sinto muito honrado em fazer parte dessa história - as palavras são da perspectiva de um ídolo da história recente do Fortaleza, Fabiano "Paredão", um dos responsáveis pelo tetracampeonato estadual em 2010. Uma década depois, contando e revivendo os cenários de um título conquistado de forma improvável, após um 1º turno conquistado nos pênaltis diante de um Guarany de Sobral que vencia no tempo normal, por 4 a 1, e depois, diante do maior rival, o Ceará, à época, na Série A.

Fabiano já era um jogador experiente, conhecido no cenário nacional, principalmente pelo acesso com América/RN para 1ª divisão do Brasileiro. Era, também, o primeiro ano de rebaixamento do Leão, que jogaria na Série C. Quando foi contratado, o "Paredão" imaginou que o grande objetivo seria o acesso, mas o cenário era diferente.

"Era um momento de reconstrução. Tinha permanecido a garotada da base. Então, o Renan Vieira (presidente na época), junto do Müller (Luis Muller, treinador) e Sérgio Papelin, começou a contratar de forma pontual os atletas que necessitavam para compor o elenco", conta. O tempo de treinamento que equipe dispunha era curto.

"Lembro do dia que cheguei. O Renan me chamou para conversar e perguntou o motivo pelo qual tinha me contratado e o objetivo do clube. Então falei que sabia, lógico! 'É voltar de novo para Série B, né?!'. Ele se desesperou: 'Não, é isso não! Temos que buscar o título nesse ano, é o tetra, que o Fortaleza nunca teve na história'", revelou Fabiano.

O tetra

O Fortaleza vinha de uma eliminação precoce no 2º turno, ficou fora das finais, mas já estava garantido na decisão pelo 1º turno conquistado diante do Guarany de Sobral. Então ficou definido: a busca pelo tetra seria diante do maior rival. A curiosidade foi aposta do clube, que contratou o treinador Zé Teodoro na reta final do 2º turno. Apesar de não ter classificado a equipe, conseguiu treinar a equipe para a decisão do estadual. Fabiano contou detalhes daquela final decidida nos pênaltis.

"O jogo estava 1x1 e imaginei que ninguém tiraria o título da gente. Mas, por vacilo, sofremos o gol do Geraldo e eu estava no gol onde a torcida do Ceará estava. Parecia que o estádio iria cair por cima de mim. Então, busquei me concentrar nas penalidades, conversei com Alex Gaibu e disse que ele conhecia o elenco do Ceará, pois tinha jogado no ano anterior. Então, eu falei o seguinte: 'Gaibu, na hora que o jogador se deslocar para marca do pênalti do Ceará, vou olhar e você vai tocar no meião da esquerda ou da direita, indicando o canto. Eu estava tão concentrado, que não olhei pra ele. O Fabrício bateu no meu canto esquerdo e eu caí no canto direito".

Diante do cenário, Fabiano decidiu não olhar mais para o Alex Gaibu, para não perder a concentração. "Quando defendi o pênalti do Misael, eu não sabia mais o que fazer, saí correndo igual um maluco em direção à torcida do Fortaleza, a vontade era de mergulhar na torcida".