Covid-19 volta a assolar clubes da Série A e prolifera desfalques

Além de treinadores do grupo de risco como Abel Braga do Inter, são 63 casos de atletas, isolados por conta da doença e CBF se manifesta, afirmando que houve um relaxamento no futebol, cabendo aos clubes seguir o protocolo

Legenda: Aos 68 anos, Abel Braga é considerado grupo de risco do novo coronavírus, mas está assintomático
Foto: Ricardo Duarte / Internacional

A pandemia da Covid-19 voltou a assombrar o futebol brasileiro com uma série de casos que têm atingido metade das equipes do certame. São 63 casos de atletas isolados por conta da doença e, agora, mais um comandante não estará à frente da sua equipe na rodada do Campeonato Brasileiro deste fim de semana. Abel Braga, técnico do Internacional, não participará do duelo do time gaúcho em casa contra o Fluminense, no Beira-Rio, em Porto Alegre, neste domingo, às 18h15, pela 22.ª rodada.

Aos 68 anos, Abel Braga é considerado grupo de risco do novo coronavírus. Entretanto, está assintomático e sem maiores problemas em decorrência da doença. Além do treinador, o goleiro reserva Keiller também testou positivo para o vírus e também está cumprindo com os protocolos sanitários de distanciamento social.

Sem Abel Braga, o Internacional agora fica sob responsabilidade dos auxiliares Osmar Loss e Leomir não só para encarar o Fluminense no domingo, mas pelo tempo que se estender o isolamento do técnico principal. Assim sendo, o clube colorado pode não contar com seu comandante no primeiro compromisso das oitavas de final da Copa Libertadores, na próxima quarta-feira, às 21h30, também no Beira-Rio, contra o Boca Juniors.

Os casos de infecção por Covid-19 nos clubes que estão na Série A do futebol brasileiro aumentaram em relação à última rodada. Nesta sexta-feira, 63 atletas estavam afastados em razão do novo coronavírus, contra 43 na semana anterior. Gabriel Menino, do Palmeiras, estava infectado, mas se recuperou e jogará na rodada pelo Verdão hoje contra o Goiás. O protocolo da confederação para lidar com a doença voltou a ser questionado após o Atlético/MG confirmar em uma segunda bateria de exames mais casos de infectados. O clube enfrenta o Ceará amanhã, às 16h, no Castelão.

Relaxamento

Para o médico Jorge Pagura, coordenador médico da CBF, os novos casos refletem o que tem ocorrido na sociedade, como o aumento no número de pessoas circulando em espaços públicos e privados.

"Cabe a cada clube se policiar, orientar seus jogadores, comissão técnica. Houve um relaxamento no País, no futebol também. Tem times que viajavam de voo fretado e trocaram para o de carreira. Se bobear, vamos pegar a doença", disse Pagura. Na sua opinião, cabe aos times orientarem seus funcionários a cumprirem normas restritivas em tempos de pandemia. "Vamos apresentar o estudo, atualizado até a 19ª rodada do Campeonato Brasileiro, no qual mostra que fizemos em mais de 100 mil horas de jogo 45 mil testes e não temos evidência de contaminação dentro de campo. Mas estamos vendo praias cheias, shoppings, restaurantes, churrascos, baladinhas lotadas", afirmou.

Segundo ele, o rastreamento feito pela CBF leva em consideração o histórico dos atletas durante o período de incubação, que é o tempo para que os primeiros sintomas apareçam. Não há um consenso sobre o período, que tipicamente dura de quatro a cinco dias, mas pode se prolongar por até 14 dias ou ainda mais tempo, em casos raros.

Como exemplo desse monitoramento, o médico citou casos como o do próprio Atlético-MG e do Santos, que contra o Internacional, no sábado (14), teve o desfalque de dez atletas e do técnico Cuca, todos com a doença.

Pagura afirma que a equipe do Bragantino, que havia sido adversária dos santistas no último dia 8, foi monitorada por dez dias e não apresentou nenhum caso de infecção.