'Nosso interesse é mantê-la viva, e não está sendo uma missão fácil', diz médico de Paulinha Abelha
Em coletiva de imprensa, profissionais atualizaram o estado de saúde da cantora
A cantora Paulinha Abelha, da banda Calcinha Preta, segue internada no Hospital Primavera, em Aracaju (SE), em coma profundo e sem alteração de seu quadro neurológico nos últimos cinco dias, segundo atualizou sua equipe médica, na tarde desta terça-feira (22), em coletiva de imprensa.
Veja também
Em resposta aos jornalistas, o neurologista Marcos Aurélio Alves, disse que o compromisso atual é com a manutenção da vida da cantora, não sendo possível falar, neste momento, quando ela acordará do quadro e se haverá possíveis sequelas neurológicas.
"A situação dela é analisada um dia de cada vez. Hoje nosso interesse é mantê-la viva, e não está sendo uma missão fácil. Não me sinto confortável para falar em possibilidade de sequelas em um paciente que a princípio nosso esforço é destinado a mantê-la viva. Então nesse momento o compromisso que a gente tem é de dar suporte para que ela passe dessa fase aguda, recupere a função renal, a função hepática, recupere a injúria neurológica para que, se possível for, ela retorne as atividades", disse o médico.
Veja coletiva:
Marcos Aurélio afirma que a paciente se encontra com um rebaixamento sensorial severo, classificado como de nível 3 na escala Glasgow, usada por médicos para entender o nível de consciência de um paciente. O índice de Paula é o mais baixo de todos, em uma variação que vai de 3 a 15.
"A pergunta que fazemos é, quais etiologias justificam uma pessoa estar nesta escala, com a nota 3? É um rebaixamento sensorial severo", disse.
Sem evidência de Morte cerebral
Apesar da gravidade do quadro, o médico intensivista André Luís Veiga explica que exames clínicos e de imagem confirmam não haver indício de morte cerebral de Paulinha Abelha neste momento.
"Não tem nenhuma evidência neste momento de que o cérebro dela se encontre em morte encefálica. Não trabalhamos com essa hipótese. Temos uma avaliação contínua e diária de monitoramento da função neurológica da paciente e toda a legislação de morte encefálica é bem clara e precisa quando devemos abrir o protocolo de morte encefálica e quando devemos continuar a investigação se o cérebro está funcionando ou não. Neste momento, dentro do que temos: exames de imagem, exame clínico, e alterações que temos disponíveis, não tem a possibilidade de morte encefálica", explica.
Para tentar entender as razões que levam ao coma da cantora, segundo esclarece o médico, diversas linhas diagnósticas são discutidas diariamente. Mas embora novos exames de ressonância e laboratoriais tenham sido realizados, conforme disse, o motivo não foi identificado.
"Dentro das disfunções tanto pulmonar, hepática e renal o suporte critico tem se mantido, tem se estabilizado essa parte clínica dela, mas realmente a parte neurológica, o que acabou ficando com o diagnóstico, a gente continua em investigação Exames que chegaram descartaram ou confirmaram algumas coisas e tem outros resultados que estamos esperando", esclarece.
Ainda conforme o médico, a única alteração identificada na ressonância magnética apontou um quadro de inflamação da membrana que reveste o cérebro, fazendo com que a equipe investigasse o diagnóstico terapêutico de uma encefalite.
Equipe desmente bactéria
Ao contrário do que chegou a ser noticiado, o neurologista Marcos Aurélio Alves esclarece não ter sido identificada a presença de bactéria na cabeça da cantora, comprovado através da coleta do líquido que reveste o cérebro.
"Essa informação é fake, nós não conseguimos isolar nenhum microorganismo, seja ele viral ou bacteriano que esteja causando o coma dela. Ela tem realmente uma encefalopatia severa, possivelmente de etiologia tóxico-metabólica na cadeia de eventos que se seguiu em dano renal, dano hepático e por último lesão cerebral", explica.
Evolução do quadro
A cantora foi internada no último dia 11 de fevereiro com complicações renais, após passar mal durante uma turnê em São Paulo.
No dia 14 de fevereiro, ela foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), "hemodinamicamente estável, realizando terapia renal substitutiva, sem quadro de infecção", segundo boletim médico da ocasião. Ou seja, Paulinha entrou em diálise para melhorar o funcionamento dos rins.
O Hospital da Unimed divulgou em 17 de fevereiro uma piora do quadro clínico que resultou no estado de coma. A unidade de saúde decidiu pela transferência para o Hospital Primavera, que não aconteceu de imediato em razão de uma "instabilidade neurológica". A remoção só aconteceu na noite do mesmo dia, quando Paulinha passou a ser acompanhada por um médico que se deslocou de São Paulo para Aracaju.