Ministério Público da Bahia investiga suposto ato de racismo religioso cometido por Claudia Leitte

Cantora alterou letra de música que continha nome de um orixá

Legenda: Até o momento, Claudia Leitte não se manifestou sobre o caso
Foto: Reprodução/Instagram

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) abriu um inquérito para investigar um possível ato de racismo religioso envolvendo a cantora Claudia Leitte. A apuração foi iniciada após a artista alterar o nome de um orixá em uma música durante uma apresentação em Salvador. 

Até o momento, Claudia Leitte não se manifestou sobre o caso. Em nota ao Diário do Nordeste, a assessoria de imprensa confirmou a abertura do inquérito.

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"Segundo a promotora de Justiça Lívia Sant’Anna Vaz, o procedimento foi instaurado para apurar a responsabilidade civil diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana, sem prejuízo de eventual responsabilização criminal", diz o texto.

ENTENDA O CASO

O caso aconteceu no último sábado (14), durante o primeiro show de ensaio de verão de Claudia Leitte no Candyall Guetho Square, local que abriga a sede da Timbalada, banda criada por Carlinhos Brown.

Vídeos que circularam amplamente nas redes sociais mostram Claudia Leitte cantando "Eu canto meu Rei Yeshua" (Jesus em hebraico) em vez de "Saudando a rainha Iemanjá", verso original da canção. A versão já foi cantada da mesma maneira em outras apresentações da cantora.

REPERCUSSÃO

A atitude gerou polêmica nas redes sociais e foi amplamente criticada por diversas personalidades. O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, afirmou que "apagar o nome dos Orixás das músicas" é racismo.

"Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo", escreveu.

A escritora e professora Bárbara Carine, vencedora do prêmio Jabuti, também se posicionou publicamente sobre o ocorrido.

"É realmente revoltante o racismo religioso, eu diria até um terrorismo religioso, que essas pessoas instaram na nossa cultura. É extremamente revoltante o lucro com a demonização dessa cultura, porque é uma pessoa que vive do axé", afirmou.

Carlinhos Brown defende Claudia Leitte

O cantor Carlinhos Brown saiu em defesa de Claudia Leitte e afirmou que a cantora não é racista. 

"O Guetho é uma casa laica. Todas as pessoas têm direito a ter suas manifestações. (...) [A atitude de Claudia] É uma coisa que eu não queria estar falando porque é polêmica, e eu tenho uma espiritualidade muito acentuada. Mas eu posso te garantir que Claudia Leitte não é uma pessoa racista", disse.

A declaração foi feita em uma coletiva de imprensa com os veículos da Rede Bahia após participação no programa "Fuzuê", da rádio Bahia FM, na quarta-feira (18). "Para quem não sabe, Yeshua é Oxalá e Oxalá é marido de Iemanjá. Dá licença, não quero me meter em polêmica. (...) Se ela mudou a letra, a responsabilidade é dela como artista. Mas imaginar que ela é uma pessoa racista, isso é um grande engano", acrescentou.

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