O cantor Gusttavo Lima foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco por lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da investigação que apura jogos ilegais no Brasil. O Fantástico teve acesso à investigação completa e revelou detalhes da organização que tem agora 53 alvos distribuídos por seis estados do País. A defesa do artista nega qualquer irregularidade.
O rol de investigados inclui empresários, artistas e influenciadores, como Deolane Bezerra e o próprio Gusttavo Lima, que passou à condição de indiciado em 15 de setembro. O próximo passo cabe ao Ministério Público, que deve analisar os elementos da investigação e decidir se denuncia ou não o cantor à Justiça.
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As provas incluem documentos e dinheiro apreendido na Operação Integration. Conforme revelou o Fantástico, foram apreendidos R$ 150 mil em uma empresa do cantor, além de notas fiscais sequenciais emitidas para a PIX365 Soluções (Vai de Bet). A hipótese dos investigadores é de que os recursos financeiros e a documentação serviam para lavar dinheiro.
Outro indício que pesa contra o cantor é a suposta negociação ilegal de dois jatinhos e um helicóptero para empresários que atuam no ramo de jogos ilegais. Conforme as investigações, recursos provenientes do jogo do bicho, de jogos de azar e de bets foram usados para adquirir as aeronaves em uma estratégia de lavagem de dinheiro.
Um dos compradores do jatinho, José André da Rocha Neto, também é investigado pela renda incompatível. Ele e a esposa, Aissla, chegaram a gastar R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo só em duas lojas de grife. O investigado é o proprietário da Vai de Bet, que tem Gusttavo Lima como garoto-propaganda.
O casal esteve no aniversário do cantor na Grécia. Eles foram de carona no avião de Gusttavo, mas não retornaram ao Brasil. Os investigadores apontam que eles podem ter desembarcado na Espanha para escapar da polícia no Brasil.
Foi por conta dessa suposta ajuda que Gusttavo Lima virou alvo de um mandado de prisão no último dia 16 de setembro.
O artista usou as redes sociais para se defender. Ele disse que a aeronave foi vendida no ano passado e negou envolvimento no caso. À Polícia, ele negou conhecer alguns investigados e disse que toda a negociação das aeronaves foi feita dentro da legalidade. Ele disse ainda que não tem intimidade com o dono da Vai de Bet nem com sua esposa.
Gusttavo Lima estava fora do País cumprindo compromissos profissionais na ocasião da ordem de prisão. Ele retornou ao Brasil no dia 25, e, na sexta-feira, 27, fez um show em Marabá, no Pará, em que fez um comentário ao público que soa como referência à situação.
"Faça o certo, o errado todo mundo já faz. Seja honesto. Quando o mundo ameaçar cair sobre o teu lado, a tua honestidade te salvará. Seja certo, seja justo, seja honesto, para que quando tudo parecer desmoronar, só tua honestidade te salvará. Obrigado a cada um de vocês pelo carinho e pela presença", disse ele.
Ao Fantástico, a defesa do cantor disse que o dinheiro apreendido na Operação Integration era para o pagamento de fornecedores e foi declarado à Receita Federal. O cantor alega ainda que o contrato com a PIX365 tinha cláusula anticorrupção e foi suspenso. E sobre a venda das aeronaves, diz que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afasta a possibilidade de lavagem de dinheiro.
O cantor reforçou que já esteve com Rocha Neto, mas não tem relação de proximidade. Ele nega que tenha ajudado na fuga do casal. Sobre o indiciamento do cantor, os advogados argumentaram que o envio de dinheiro para empresas de Gusttavo Lima, mediante contratos assinados, não constitui nenhum ilícito. A defesa apontou ainda supostas falhas na investigação.
Já os advogados de Rocha Neto disseram que as notas fiscais apreendidas são referentes à prestação de serviço de Gusttavo Lima para a empresa de bets. O empresário nega irregularidades na aquisição da aeronave do cantor. Ele também negou qualquer irregularidade em seus negócios e disse ter uma relação comercial com o artista.