Grupo de clientes lesados por Francisley Valdevino da Silva — conhecido por Sheik dos Bitcoins — pediu à Justiça do Paraná o arresto do jato de prefixo PP-BST para o ressarcimento das dívidas. De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro (Rab), a aeronave tem como operador a empresa do cantor Wesley Safadão.
Conforme o jornal O Globo, as vítimas do Sheik dos Bitcoins solicitaram a apreensão judicial junto ao Instituto de Proteção e Gestão do Empreendedorismo (IPGE).
Arresto é uma apreensão judicial de bens do devedor, ordenada pela justiça, como meio acautelador de segurança ou para garantir o credor quanto à cobrança de seu crédito
O Sheik dos Bitcoins oferecia lucros altos para quem investisse em moedas digitais nas empresas dele.
Em petição, anexada à ação civil pública que corre na 24ª Vara Cível de Curitiba, os advogados informaram que a aeronave pertence à ITX Administradora de Bens Ltda, do Sheik, mas está sendo operada pela WS Shows Ltda, do cantor Wesley Safadão.
Ao jornal carioca, a defesa do cantor cearense alegou que ele recebeu o avião do Sheik como forma de ressarcimento porque também teve prejuízo.
Wesley investiu valores em operações de criptomoedas ainda mais altos do que as de Sasha Meneghel, filha de Xuxa, uma da famosas lesadas. Francisley havia adquirido o Cessna Aircraft, que no passado já tinha pertencido ao artista, por R$ 37 milhões.
Os advogados Mayra Vieira Dias e Jorge Calazans, que assinam o pedido do grupo de clientes, alegam que o jatinho ficou fora da lista de bens apreendidos pela Polícia Federal (PF) no dia 6 de outubro, durante a Operação Poyais.
Veja também
Levantamento feito pelos advogados levou ao nome do cantor Wesley Safadão. Documento foi juntado à ação mostrando que o cantor operava o avião. Além disso, ele figurava como "interveniente anuente” — uma terceira pessoa que intervém em um contrato para tomar ciência dele e anuir com seus termos — na ocasião em que o Sheik comprou o jato da empresa Maravilhas da Terra Produtos Naturais.
A matéria aponta ainda que Wesley Safadão era o dono anterior e tinha vendido a aeronave para a empresa do Sheik, que a comprara em parcelas. Desta forma, a ideia era que Francisley pagasse parte do bem à Maravilhas da Terra e outra parte a Safadão. Quando os golpes atribuídos ao Sheik vieram à tona, a negociação teria sido interrompida, e Safadão exigiu o bem de volta.
Com a operação Poyais, a Polícia Federal buscou apreender a maior quantidade de bens possível para a futura indenização dos clientes de Francisley.
Os agentes recolheram barras de ouro, dinheiro em espécie, jóias, carros e relógios de luxo.
O Sheik, apelido que ganhou dos amigos pela vida de luxo que ostentava, é investigado por um golpe estimado em R$ 1 bilhão, arrecadado por um esquema de pirâmide disfarçado de aluguel de bitcoins.
Para atrair clientes, o Sheik chegava a oferecer juros mensais pelo aluguel de até 13,5% de criptomoedas.
Daniel Moraes, advogado que representa Wesley Safadão, declarou que a aeronave foi repassada por Francisley Valdevino da Silva ao artista para amortecer parte de um calote dado pelo Sheik dos Bitcoins.
"Foi feito um mau negócio, que até nos envergonha. Explicamos tudo a quem nos procurou. Se existe algum vilão nessa história, se chama Francisley", declarou Daniel Moraes em entrevista ao jornal O Globo.
O advogado informou que o jato continua em nome da ITX porque a Anac demora a fazer a mudança, mas a prova de que pertence integralmente a Wesley é um financiamento dado pelo Banco do Brasil para o pagamento de parcelas que ainda restavam.