Qual é o motivo dos ataques no Rio Grande do Norte? Entenda o que pode explicar ações criminosas

Agentes da Força Nacional foram enviados para o Estado, onde, pelo menos, 24 cidades registraram atos violentos

Legenda: Criminosos são investigados por incendiarem carros particulares, ônibus turístico e escolar, além de atirarem contra uma base policial
Foto: reprodução/redes sociais

Cidades do Rio Grande do Norte registram uma onda de ataques criminosos desde a madrugada de terça-feira (14). Pelo menos 24 localidades, entre elas a capital Natal, tiveram prédios públicos e veículos danificados pela série de transgressões. 

Devido à gravidade do episódio, o ministro da Justiça Flávio Dino autorizou o envio de agentes da Força Nacional para Estado. Os oficiais desembarcaram nesta madrugada de quarta-feira (15). As informações são do portal g1.

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O último balanço divulgado pela Polícia detalha que, até as 8h, foram presos 28 indivíduos por suposto envolvimento na onda de ataques. Um suspeito foi morto e dois ficaram feridos. Os agentes ainda apreenderam armas, artefatos explosivos, galões de gasolina, motos, dinheiro, drogas e um carro.

Criminosos são investigados por incendiarem, em diferentes municípios, carros particulares, ônibus turístico e escolar, além de atirarem contra uma base policial. 

Devido à insegurança, unidades básicas de saúde e escolas da rede municipal de Natal e de Mossoró suspenderam expediente

Agentes da Força Nacional desembarca do RIo Grande do Norte em 15 de março de 2023
Legenda: Flávio Dino disse que foram destinados 220 policiais para auxiliar as forças estaduais diante do episódio
Foto: reprodução/redes sociais

O que motiva os ataques no Rio Grande do Norte? 

A exigência por melhores condições nos presídios do Estado seria a razão por trás da onda de crimes, conforme apontou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) do Rio Grande do Norte.

O titular da Pasta, Francisco Araújo, disse que a ordem para a onda de violência partiu do interior do sistema de privação de liberdade. Segundo ele, os detentos exigiram ter acesso a televisores e a visitas íntimas, entre outros pedidos.

Pelas reivindicações, eles querem televisão, querem sistema de iluminação, visita íntima, coisa que o sistema prisional não está atendendo porque está cumprindo a lei de execução penal", afirmou.

Inicialmente, a Sesed divulgou que a série de ataques era uma represália a ações de combate ao tráfico e ao crime organizado. 

Um detento apontado como líder de facção foi transferido nessa terça-feira da Penitenciária de Alcaçuz, a maior unidade prisional do estado, localizada em Nísia Floresta, na Região Metropolitana de Natal, para uma unidade federal.

O secretário disse que outros presos devem ser transferidos ao longo desta quarta-feira. Outro suspeito apontado como um dos organizadores dos ataques foi morto em confronto com policiais na Paraíba — ele integraria o grupo organizado que atua no Rio Grande do Norte. 

"Nós temos investigações, tanto da Polícia Civil, como da Polícia Federal e Ministério Público, de possíveis pessoas que estavam presas com esse líder da organização criminosa que foi transferido ontem à noite, de ter ordenado esses ataques. Ele estava preso em Alcaçuz, recebeu visitas e, pelas investigações, tem indícios de ele ter dado ordem para fazer esse tipo de ação", declarou Araújo, conforme o g1.

Sem TVs, visitas íntimas e luz nas celas

Detentos que cumprem pena nas unidades prisionais do Estado não têm acesso a televisões, visitas íntimas ou energia elétrica nas celas, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do RN.

A mudança nas regras do sistema de privação de liberdade ocorreu após uma rebelião na Penitenciária de Alcaçuz, provocada pela disputa entre duas facções, ter resultado na morte de 27 presos, em 2017.  

Nas unidades prisionais potiguares, as celas não possuem lâmpadas próprias, na verdade, elas são iluminadas indiretamente por refletores instalados nos corredores. O intuito da medida é evitar que os detentos tenham acesso à fiação elétrica, onde poderiam carregar possíveis celulares que podem entrar clandestinamente nas prisões.