Trote em Ouro Preto é investigado pela polícia de Minas Gerais após aluno entrar em coma

Ayrton Carlos Almeida Veras denunciou o caso e pede medidas da Universidade Federal de Ouro Preto

Escrito por Redação ,
Legenda: O caso aconteceu na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais
Foto: Shutterstock

Um trote que teria deixado um estudante em coma na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, está sendo investigado pela polícia, segundo matéria publicada no Jornal Nacional, da Rede Globo, nesta segunda (24). Ayrton Carlos Almeida Veras, que já foi estudante da Universidade Federal de Ouro Preto, é o responsável pela denúncia.

Em entrevista ao jornal, o jovem falou sobre o sonho de sair do Maranhão para cursar engenharia em Ouro Preto, na UFOP. Com a vaga, para o orgulho da mãe, ele se mudou para a cidade e entrou para a República Sinagoga, uma das 59 moradias disponibilizadas pela universidade.

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As moradias em questão são utilizadas para abrigar os estudantes, sendo administradas pelos mesmos, e estão espalhadas por todo o Centro Histórico de Ouro Preto.

Segundo Ayrton, o "pesadelo" teria começado já na entrada na moradia, local em que ele teria sofrido por meses uma espécie de "batalha". Essa denominação é usada para o período em que os recém-chegados fazem uma série de testes com o intuito de provar que merecem um lugar nos casarões.

Coma após festa

Na festa de aprovação, Ayrton teria passado por uma série de testes e acabou saindo de lá para o hospital, onde ficou internado em coma. Segundo a mãe dele, Regina Araújo Veras, o filho se tornou vítima.

"Eles dão uma pressão psicológica nos alunos, nos rapazes. Ele bebeu copos americanos, três copos americanos, cheios de cachaça, de pinga. Três copos americanos cheios de molho com óleo, molho de pimenta com molho shoyu. Eles deram um banho nele com balde de água gelada com pó de café. Apagou após o banho gelado e entrou em coma", contou ela ao Jornal Nacional.

Já na UPA de Ouro Preto, o jovem foi diagnosticado com sintomas de excesso de bebida, já em estado grave, o que resultou na chamada da polícia pelo médico.

Em um boletim de ocorrência, registrado pela Polícia Militar, informações apontam que o jovem teria feito uso de bebida alcoólica, chegando ao local com o auxílio de alguns colegas.

Ayrton foi, em seguida, transferido para a Santa Casa de Ouro Preto, onde foi intubado e passou 16 dias internado, oito deles na UTI. Segundo a mãe, médicos teriam citado sinais de abuso sexual, mas nenhum resultado do exame para constatação foi revelado pela família.

Agora, de matrícula trancada, Ayrton retornou ao Maranhão e realiza tratamento contra sequelas como ansiedade, queda de cabelo, problema cardíaco e perda de movimento de um pé.

"A gente é obrigado a passar por cada humilhação, e eles acham normal, eles normalizam. Fiquei decepcionado, e também decepcionado pela gestão. Eu quero que a UFOP tome atitudes, providências. Eu quero justiça", finalizou o jovem, ainda em entrevista ao Jornal Nacional. 

República nega

Em resposta à matéria veiculada pelo Jornal Nacional, a República Sinagoga negou que os fatos tenham ocorrido da forma relatada pela família de Ayrton. Segundo a administração, o estudante teria sido levado para atendimento e o suporte teria sido oferecido à família.

Até então, a Universidade Federal de Ouro Preto afirma que instaurou uma comissão disciplinar para apurar o caso e encaminhou o jovem para acompanhamento. Segundo a instituição, o trote pode levar a advertência, suspensão ou desligamento dos estudantes envolvidos.

 

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