"Não é mulher, é travesti": mulher trans relata agressões e transfobia em feira agro em São Paulo
Vídeo da ação mostra que, enquanto um homem bate no namorado dela, outro a empurra e golpeia.
Uma mulher trans e o namorado dela dizem ter sido agredidos e alvo de ofensas transfóbicas durante um show da dupla Henrique e Juliano, na feira Expoagro, em Franca, interior de São Paulo, na última quinta-feira (26). As informações são do g1.
Em vídeos circulando nas redes sociais, é possível ver dois homens brigando no chão e a mulher tentando separá-los. Porém, chega um terceiro homem que atinge um soco no rosto da mulher. Veja abaixo:
Que horror! "É travesti, tem que apanhar", gritavam enquanto uma mulher trans e seu companheiro eram espancados na Expoagro, em Franca SP.
— Luciana Thomé 🏳️🌈 feminista antirracista (@luthithome) May 28, 2022
A violência e a desumanização contra nós travestis é tão naturalizada que, na cena trágica, uns espancavam...@lolaescreva olha isso pic.twitter.com/tvq4sT5Ia2
Em nota, a organização da Expoagro comunicou que os seguranças foram acionados, mas quando chegaram ao local já não havia nada e os envolvidos não foram localizados. Também reiterou que repudia qualquer ato de violência e está à disposição para auxiliar no caso.
Segundo a mulher, a confusão começou quando ela, o namorado e uma amiga estavam próximos ao banheiro começaram a receber ofensas transfóbicas, sendo chamados de "viadinhos" e ouvindo que ali não era "lugar de ficar fazendo frescura".
A mulher questionou os homens sobre o comportamento. Foi quando um deles partiu para cima do namorado, e eles começaram a brigar. Ela tenta separá-los, mas outro rapaz vem por trás e começa a bater nela.
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Agressão será investigada
O segundo agressor foi identificado como o mestre de obras Augusto César, 30. No vídeo, ele é puxado e uma das pessoas comenta "bater em mulher, não", mas ele responde "é travesti, é travesti, sai fora".
Ao g1, César negou as acusações e que tenha dito que a mulher podia apanhar por ser travesti. Segundo o mestre de obras, a frase foi apenas uma constatação porque outros homens tentaram agredi-lo por acharem que ele estava batendo numa mulher.
De acordo com a amiga do casal, no momento em que ouviram que a colega era travesti, as pessoas ao redor da briga deixaram a briga continuar.
Na sexta-feira, o casal registrou o boletim de ocorrência por lesão corporal. Depois, a queixa foi alterada para transfobia na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Franca.