Mulher que matou marido em SC chegou a dormir ao lado de freezer onde corpo foi escondido
Claudia Tavares Hoeckler manteve cuidado excessivo com o eletrodoméstico e chamou atenção dos vizinhos
A mulher que confessou ter matado o marido e escondido o corpo dele dentro de um freezer em Lacerdópolis (SC) chegou a dormir ao lado do eletrodoméstico para evitar que o crime fosse descoberto, segundo informações do Uol.
Claudia Tavares Hoeckler, de 40 anos, manteve um cuidado excessivo com o freezer enquanto Valdemir Hoeckler ainda era tratado como desaparecido pela polícia. A atitude acabou chamando a atenção de amigos e vizinhos.
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"Ela dormia ao lado do freezer, na sala, tinha visão no freezer. Uma vizinha ajudou na alimentação das equipes [que fizeram buscas pela vítima, até então, desaparecida] e a suspeita cuidava para que ela não fosse até o freezer. Se precisasse de alguma coisa no freezer, a suspeita buscava", contou o delegado responsável pelo caso, Gilmar Bonamigo, em entrevista ao Uol.
A suspeita da polícia é de que Claudia tenha agido sozinha, inclusive, para colocar o corpo de Valdemir dentro do objeto sem precisar esquartejá-lo. "Ela conseguiu colocar o corpo inteiro no local. Não causou nenhum ferimento além da suposta asfixia", disse.
Após confessar o crime, a mulher contou ao delegado ter usado cordas para juntar os pés e mãos do corpo do marido, já amarrados, e uma cadeira como apoio. Ao todo, o processo levou cerca de duas horas.
"Ela também teve muita dificuldade em ajeitá-lo dentro do freezer, porque ele pesava em torno de 100 quilos, mas ela é uma mulher que trabalhou na roça e lida com gado de leite, então ela tem força suficiente para isso", afirmou Bonamigo.
Sem arrependimentos
Ainda conforme o delegado, a mulher não demonstrou qualquer arrependimento pelo crime e, mesmo com a repercussão da morte, continuou a afirmar que se sentia livre.
"Quando ela conseguiu o intento dela, que era matá-lo, ela expressava felicidade. Ela expressava 'finalmente agora eu estou livre, sei que vou cumprir minha pena, mas o dia que eu sair, vou estar livre, não vai ter ninguém me pressionando, me ameaçando, posso caminhar por onde quiser, aquela história toda", contou.
Como foi o crime
De acordo com relatos de Claudia, ela deu três comprimidos que induzem o sono ao marido e depois amarrou os pés e as mãos dele com cordas.
“Ela lidou com gado de leite. Então, sabia como imobilizar vacas. Ela o amarrou porque sabia que, se não conseguisse, ele poderia reagir e ela iria ser morta”.
Após enrolar uma câmera de pneu no pescoço da vítima, asfixiou ele com um saco plástico. “Ele se desvencilhou. Mas ela conseguiu segurá-lo com uma mão. E, com a outra, pressionou a boca. Em pouco tempo, ele perdeu os sentidos e morreu”, detalhou Gilmar.
O corpo foi escondido dentro do freezer, porque ela não sabia o que fazer. “Depois disso, ela fez o que deveria fazer, como se fosse seguir a vida normalmente. E partiu para o encontro que iria fazer com as professoras”.
Entenda o caso
As buscas por Valdemir começaram na terça-feira (15), na região da Linha São Roque, em Lacerdópolis, onde ele morava com a esposa. Familiares e amigos publicaram imagens solicitando ajuda nas redes sociais.
Claudia prestou depoimento na sexta-feira (18) e aceitou que a polícia conduzisse perícia na casa onde eles moravam na noite do sábado (19). Mas ela fugiu da cidade antes do horário marcado.
O corpo de Valdemir foi encontrado no mesmo dia, dentro do refrigerador da residência. Ele tinha uma lesão na nuca. O processo tramita em segrego de justiça.
Homicídio e violência doméstica
O crime é tratado como homicídio qualificado por meio que dificultou a defesa da vítima. Na decisão, a juíza Flávia Carneiro de Paris apontou que a prisão da suspeita deve facilitar o andamento das investigações.
"[A prisão] Impedirá que a representada crie embaraços para a apuração da prática criminosa, especialmente para esclarecer os motivos e as circunstâncias do crime e eventual participação de terceiros”, afirmou.
O advogado da suspeita disse ao portal g1 que a morte foi motivada por episódios de violência doméstica. "Uma mulher maltratada e violentada, física e psicologicamente, que para preservar sua vida, matou”, disse.