Linchamento de Fabiane Maria de Jesus é o caso do Linha Direta desta semana; relembre história

Crime ocorreu em 2014, após Fabiane ser confundida com um retrato falado falso

Escrito por Redação ,
Fabiane morreu dois dias após ser linchada por moradores de Morrinhos, bairro de Guarujá
Legenda: Fabiane morreu dois dias após ser linchada por moradores de Morrinhos, bairro de Guarujá
Foto: Arquivo pessoal

A história da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, morta em 2014 em um linchamento na cidade de Guarujá, no litoral de São Paulo, é o tema do programa do Linha Direta desta quinta-feira (22), que deve abordar o caso com detalhes da investigação, acusados pelo crime e a luta da família até os dias atuais por uma conclusão justa.

Fabiane morreu no dia 5 de maio daquele ano, aos 33 anos, linchada por cerca de 100 pessoas, enquanto outras dezenas assistiam ao ato. A mulher foi atacada dois dias antes de falecer após ser confundida com um retrato falado de uma suposta sequestradora de crianças da região, que teria realizado rituais de magia com os raptados.

O caso chocou o país na época, logo após a morte da mulher, que chegou a ficar dois dias internada no Hospital Santo Amaro, em Guarujá. Antes do linchamento, páginas no Facebook divulgaram imagens do suposto retrato falado, o que mais tarde seria confirmado como uma notícia falsa. 

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O retrato, na verdade, havia sido feito por agentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro por conta de um crime ocorrido dois anos antes da morte de Fabiane. Segundo a investigação, o caso sequer ocorreu em Guarujá e não estava relacionado com o sequestro de crianças.

Na época, o marido de Fabiane, Jaílson Alves das Neves, concedeu entrevista ao portal g1 sobre o caso. "Para mim a ficha não caiu. Apesar da brutalidade, não guardo ódio, não guardo esse sentimento ruim no coração. Espero que não aconteça com mais famílias. Essas pessoas que agrediram ela e as que assistiram e não tiveram a coragem de salvar uma pessoa inocente não deram nem tempo de defesa para minha esposa. Quero que eles reflitam e que isso não aconteça nunca com a família deles", disse ele.

Outro ponto citado na investigação como provável propulsor do crime é a bíblia carregada por Fabiane na ocasião. A mulher teria ido à igreja para recuperar o item que havia esquecido, mas ele foi confundido pelos linchadores como um livro de magia, conforme a notícia falsa propagada anteriormente nas redes sociais.

Crime e condenação

Ao todo, cinco envolvidos no linchamento foram presos. Lucas Rogério Fabrício Lopes, um dos homens acusados, foi condenado a 30 anos de prisão por homicídio qualificado e foi citado na sentença como uma pessoa com "afinidade com a monstruosidade".

Além das cinco pessoas, duas mulheres, Daiana e Camila, que acusaram injustamente Fabiane, foram indiciadas por incitação ao crime. Enquanto isso, a família ainda aguarda decisão da Justiça em ação contra o Facebook, onde as imagens foram veiculadas.

Ainda em 2022, a ação indenizatória no valor de R$ 36 milhões foi julgada improcedente em primeira e segunda instâncias e agora aguarda julgamento de recurso extraordinário no Supremo Tribunal Federal (STF).

Fabiane deixou um esposo e duas filhas após ser morta em 2014
Legenda: Fabiane deixou um esposo e duas filhas após ser morta em 2014
Foto: arquivo pessoal

Uma das filhas de Fabiane concedeu entrevista ao Universa, do UOL, logo após o caso inspirar a história da novela Travessia. "A morte dela foi uma bomba. Uma bomba que repercutiu de muitas maneiras. Eu ainda era uma criança, tinha 13, quase 14 anos", disse ela. 

Na entrevista, ela lamentou a falta da mãe e apontou a necessidade do cuidado nas postagens nas redes. "O único culpado foi quem fez o retrato falado, inventou a história e compartilhou. Por isso, nunca vou deixar de reforçar: as pessoas precisam ter cuidado com o que postam, com o que compartilham, no que veem e acreditam. Uma mentirinha pode acabar com a vida de alguém", completou. 

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