Ex-mulher de 'Mendigato' vai à Justiça pedir internação compulsória: 'ele está na rua comendo lixo'

A decisão foi tomada após Rafael passar seis meses desaparecido

Escrito por Redação ,
Mendigato
Legenda: Rafael e Clarissa são pais de um menino de 8 anos e uma menina de 4
Foto: Reprodução

A jornalista Clarissa Couto vai entrar na justiça com um pedido de internação compulsória para seu ex-marido, o ex-modelo Rafael Nunes da Silva, de 41 anos — mais conhecido como Mendigato. A decisão foi tomada após Rafael passar seis meses desaparecido.

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O ex-modelo chegou a ser encontrado por PMs no último sábado (19), entretanto, ele decidiu continuar vivendo nas ruas do Rio de Janeiro. Após deixar a delegacia, ele só foi visto novamente nesta segunda-feira (21), pelas ruas de Botafogo, na Zona Sul da capital carioca.

Segundo relato da jornalista ao g1, Rafael não está em condições de decidir por si, tendo em vista o vício em drogas e o tratamento controlado que outrora ele fazia, por sofrer de esquizofrenia. Sendo assim, além da internação, ela planeja pedir uma interdição de Rafael.

FORTES RELATOS

Clarisse chegou a receber relatos dizendo que Rafael estaria “comendo lixo na rua” durante esses meses. “Eu tive relatos de que ele está na rua comendo lixo. Como o Estado permite uma pessoa nesse estado decidir que quer continuar na rua comendo lixo?”, questiona ela.

Outras pessoas que estiveram com o ex-modelo também contaram para ela que Rafael estava com feridas no pé, mas evitou ir até a um hospital. “Ele não quis ir ao hospital porque sabe que chamariam a Assistência Social”, relata Clarissa.

Com estes fortes relatos, Clarissa reforça que é muito importante que a internação compulsória seja liberada, pois assim os policiais estarão permitidos a parar ele na rua e segurá-lo. Como nenhuma medida para a internação havia sido tomada, ele passou algumas horas na delegacia, no último sábado (19), mas foi liberado.

“Imagine quantas dessas pessoas que estão na rua têm família e os familiares não podem fazer nada? Muitos não têm essa informação, o Rafael é uma exceção, mas a maioria é pobre e negro”, conclui a jornalista.

SAUDADE DOS FILHOS

Enquanto estava na delegacia, Rafael contou à agentes no local que sente falta dos dois filhos. Rafael e Clarissa são pais de um menino de 8 anos e uma menina de 4. “Sinto saudade e quero rever meus filhos lá em Niterói”, disse o ex-modelo a um dos agentes do projeto Lapa Presente, antes de ir embora.

Clarissa conta que a menina não sabe que o pai, atualmente, está morando nas ruas. Entretanto, a jornalista contou que o filho já entende o que está acontecendo com o pai e foi informado do seu desaparecimento.

“O [nosso filho] de 8 anos já tem total entendimento. Eu já conversei com ele uma vez, e evito que ele tenha acesso a qualquer situação. Já a [menina] de 4 não tem muita noção, por isso, é a que mais sofre. Acha que o pai não quer vê-la, que não a ama. Mas, a gente fala que ele está viajando e que lá não pega telefone”, disse ela.

BUSCA INCESSANTE

Clarissa, que procura pelo ex-marido desde fevereiro, chegou a ser contactada quando a polícia o encontrou. Porém, por morar em Niterói, ela não conseguiu chegar na delegacia a tempo de tentar impedi-lo de ir embora novamente.

Ela chegou a relatar que busca pelo ex-marido, pois “tenta se colocar no lugar dos filhos”.

“Como ex-mulher, teoricamente, essa responsabilidade não é minha, mas sou uma pessoa que tem muito discernimento das escolhas que a gente faz na vida. E eu escolhi que ele fosse pai dos meus filhos. Então, eu penso que preciso esgotar todas as tentativas antes de eles fazerem 18 anos, porque eu tenho certeza de que, se eles pudessem escolher, eles fariam o mesmo pelo pai. Eu tento me colocar no lugar deles. Enquanto eu puder, eu vou fazer o que eu acho que eles fariam”
Clarissa
Ex-mulher do Mendigato

Equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) já tinham abordado Rafael três vezes nas ruas do Rio este ano, mas em apenas uma delas ele aceitou ser levado para um abrigo, em abril. Segundo Clarissa, ele sofre com a dependência química desde os 18 anos.

“Aqui na delegacia, eles não puderam mantê-lo por muito tempo, porque ele manifestou desejo de continuar na rua, mas sabemos que uma pessoa com dependência química não tem condições de decidir o que é melhor para si. E ele apresenta traços esquizofrênicos causados pelo uso da droga. Então, ele precisa de medicamento, para ter uma vida normal e lidar com os problemas”, disse ela.

“Minha missão é encontrá-lo, conversar com ele, convencê-lo a ir ao hospital psiquiátrico. Se preciso for, vou pedir permissão na Justiça para uma internação compulsória. Acredito que ele mereça o mínimo de dignidade”, concluiu.

 

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