Daniel Cravinhos tenta encontrar irmão de Suzane ex-Von Richthofen, diz jornal

Condenado a 39 anos pelo assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen, Cravinhos quer resgatar "amizade" que tinha com o ex-cunhado, filho das vítimas

Escrito por Redação ,
Montagem de fotos mostra Andreas mais jovem à esquerda e os irmãos Cravinhos à direita
Legenda: Andreas é irmão de Suzane, ex-namorada de Daniel Cravinhos
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Daniel Cravinhos, condenado a 39 anos de prisão pela morte de Manfred e Marísia von Richthofen, em 2002, quer se reaproximar de Andreas von Richthofen, um dos filhos da vítima, hoje com 36 anos. Andreas é irmão de Suzane Magnani, ex-von Richthofen, que também cumpre pena pela execução dos pais. A informação é do O Globo.

Segundo o jornal, atualmente, Andreas vive isolado em um sítio em São Roque, a 450 quilômetros de São Paulo.

"No ano passado, antes do julgamento, Suzane tentou encontrá-lo, e ele foi até a delegacia registrar um boletim de ocorrência contra ela. Tenho esse medo", revelou Cravinhos ao Globo. O homem, que cumpre pena em regime aberto desde 2017, admitiu ainda que sempre teve vontade de procurar Andreas, porque os dois tiveram uma "amizade forte", mas que ficou com medo de acabar voltando para o cárcere se o herdeiro Richthofen o denunciasse à Polícia.

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A família de Cravinhos possui uma chácara próximo ao local onde, hoje, Andreas mora. Um amigo em comum, inclusive, teria tentado intermediar uma conversa entre os dois, mas Andreas teria ficado abalado só de ouvir o ex-cunhado no viva-voz do celular. "Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos, mas compreenderei se preferires não olhar na minha cara", diz Cravinhos em uma carta destinada ao ex-amigo, acessada com exclusividade pelo Globo.

Na carta, Cravinhos assume ainda que Andreas é a maior vítima do crime que chocou o País há mais de 20 anos e pede desculpas. "É com toda a sinceridade e humildade que peço tua misericórdia. Estou disposto a enfrentar as consequências dos meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o dano que causei", afirma.

Desorientado

Há cerca de cinco anos, Andreas foi visto correndo desorientado na zona sul de São Paulo. O caçula dos von Richthofen foi resgatado por policiais após pular o muro de uma casa e levado para uma clínica de tratamento para dependentes químicos.

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Confira a carta de Daniel para Andreas, na íntegra:

"Querido Andreas,

Após sete anos de reflexão, finalmente encontro coragem para escrever a você. Sinto-me apreensivo com a sua possível reação ao ler essa carta. Recentemente, tomei conhecimento de notícias suas por meio de amigos em comum e pela imprensa, o que me levou a tomar a decisão de pôr para fora o que estou sentindo.

Minha mente está em turbilhão, pois meu desejo mais profundo é ter o seu perdão. As palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso. Minhas mãos tremem enquanto escrevo, e cada linha é uma batalha contra os fantasmas do passado.

Há duas décadas, desde aquele fatídico dia, carrego o peso do arrependimento e da culpa, ciente de que minhas ações trouxeram tamanha tragédia para nossas vidas. Desde sempre penso em você, a maior vítima de tudo o que aconteceu. Hoje, ao praticar motovelocidade, a imagem do seu rosto vem à minha mente. Como seria bom ter você ao meu lado, correndo em uma moto. Lembra do mobilete que construímos juntos?

Somos vizinhos em São Roque. Meu sítio fica a três quilômetros do seu. Sinto vontade de tocar a sua campainha, mas temo sua reação. Morro de medo que você se sinta ameaçado com a minha presença. Além disso, sei que a sociedade me vê unicamente como o assassino de seu pai. E você? Como você me enxerga além disso?

Saí da prisão em 2017 após perder 17 anos de minha liberdade. Mas você perdeu muito mais do que eu. Desejo compreender seu luto e fazer parte dele. Lembro do dia da reprodução simulada feita na sua casa duas semanas após o crime, quando você abraçou o Cristian e me olhou emocionado. Quando íamos nos abraçar, os policiais não deixaram. Entendi o seu gesto de carinho como um perdão. Contudo, você era apenas um adolescente. Hoje, você é um homem adulto. Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos.

Desde que saí da prisão, reconstruí minha vida, assim como Suzane, sua irmã. Aos trancos e barrancos, o Cristian também está tentando recomeçar. No entanto, a culpa continua a me perturbar. Parte de minha família me rejeita, e sinto que um dedo acusador aponta para mim constantemente, me lembrando do que fiz. Essa culpa não desaparecerá com a sentença que me condenou a 39 anos. Seguirá comigo até o fim dos meus dias.

Espero, do fundo de minha alma, que você encontre no coração a compaixão para me perdoar. Sei que minhas palavras podem parecer insuficientes diante da magnitude do que aconteceu, mas é com toda a sinceridade e humildade que peço por tua misericórdia. Estou disposto a enfrentar as consequências de meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o enorme dano que lhe causei. Se você permitir, gostaria de ter a oportunidade de falar pessoalmente, olhos nos olhos, e abrir meu coração.

Mas, se você preferir manter distância, respeitarei. Apenas desejo saber o tamanho do abismo emocional que nos separa para saber se é possível atravessá-lo. Hoje, serias capaz de me dar o abraço que não aconteceu 22 anos atrás?

Daniel Cravinhos"

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