Sintoma precoce inédito do Alzheimer é apontado em estudo sueco; saiba qual

Dados foram coletados pelo Instituto Karolinska e publicados na revista Molecular Psychiatry

Legenda: Estudo investigou as mudanças das mitocôndrias no hipocampo, localizado no cérebro
Foto: Shutterstock

Um estudo sueco apontou nova descoberta relacionada ao Alzheimer, doença considerada uma das principais causas de demência na população mundial. Dados do Instituto Karolinska, na Suécia, mostram um sinal precoce desconhecido até o momento: um aumento metabólico nas mitocôndrias do hipocampo no cérebro. As informações são do jornal O Globo.

O estudo foi publicado na revista científica Molecular Psychiatry, onde os responsáveis pela análise definem o resultado como uma forma de diagnosticar a doença mais cedo, possibilitando novos métodos de tratamento.

Segundo Per Nilsson, professor associado do Departamento de Neurobiologia, Ciências do Cuidado e Sociedade do Instituto Karolinska, os sintomas são a chave para entender de fato o Alzheimer.

Veja também

"Essa doença começa a se desenvolver 20 anos antes do início dos sintomas, por isso é importante detectá-la precocemente. Especialmente tendo em conta os medicamentos retardadores que estão começando a chegar. Alterações metabólicas podem ser um fator diagnóstico importante nisso”, disse o especialista em comunicado.

O medicamento citado por ele é o Lecanemabe, aprovado este ano nos Estados Unidos e vendido pela farmacêutica japonesa Eisai e a norte-americana Biogen. Nele, um anticorpo é direcionado à eliminação das placas de proteína beta-amiloide, que se acumulam no cérebro de pacientes com Alzheimer.

O ponto de deficiência, entretanto, está no fato de que o remédio só pode ser utilizado em casos de Alzheimer muito inicial, ainda apresentando riscos, como de hemorragia cerebral, e retardando em apenas 27% da taxa de declínio cognitivo – não impedindo o agravamento eventual do quadro.

Estudo complexo

Camundongos foram utilizados no estudo sueco, todos eles com um modelo de Alzheimer semelhante ao de humanos para estudar o desenvolvimento da doença antes da formação das conhecidas placas amiloides.

Assim, foi observado um aumento do metabolismo nas mitocôndrias em animais jovens, seguido por alterações de sinapses do cérebro. Estas, interferem diretamente no sistema de reciclagem celular, que atua no descarte de substâncias que não devem se acumular no órgão.

As mudanças das mitocôndrias foram observadas no hipocampo. Ele é a estrutura do cérebro que desempenha papel importante na memória de curto prazo. Além disso, ela é afetada no início do processo patológico do Alzheimer.

"Essas descobertas destacam a importância de manter as mitocôndrias funcionais e o metabolismo normal das proteínas. No futuro, poderemos fazer testes em ratos para ver se novas moléculas que estabilizam a função mitocondrial e autofágica podem retardar a doença", complementou Per Nilsson.


Assuntos Relacionados