Núcleo da Terra parou de girar? Cientistas descobrem mudanças na camada mais profunda do planeta

A esfera quente do tamanho de Plutão, localizada a cerca de 5 mil quilômetros da superfície, teria sofrido alterações na rotação

Legenda: O núcleo interno do planeta é uma esfera, essencialmente composta por ferro, considerada tão quente quanto a superfície do Sol, segundo a Nasa
Foto: Shutterstock

O núcleo da Terra, camada mais profunda do planeta, parou de girar mais rápido do que o globo e inverteu o sentido da própria rotação. A mudança foi apontada por um estudo feito a partir da análise de dados de terremotos, realizado pelos sismólogos Yi Yang e Xiaodong Song, da Universidade de Pequim, China, e publicado nessa segunda-feira (23) na revista especializada Nature

A esfera quente do tamanho de Plutão, formada essencialmente por ferro, é uma espécie de "planeta dentro do planeta" e está localizada a cerca de 5 mil quilômetros da superfície terrestre, conforme a agência de notícias AFP

Ficamos bastantes surpresos [com a descoberta]", disse a dupla de cientistas. 

Veja também

Ao analisarem as informações sísmicas das últimas seis décadas, os pesquisadores concluíram que a rotação dele, que costumava ser mais rápida que a da Terra, possivelmente parou por volta de 2009 e, desde então, passou a realizar o movimento no sentido contrário.

Os dados do estudo podem indicar que, nesse caso, algo provavelmente está acontecendo com as forças magnéticas e gravitacionais que impulsionam a rotação do núcleo interno. Tais transformações podem ligá-lo a fenômenos geofísicos mais amplos, como aumentos ou diminuições na duração de um dia na Terra.

"Acreditamos que o núcleo central está, em relação à superfície da Terra, girando em uma direção e depois na outra, como um balanço", explicou a dupla à AFP.

Fenômeno seria cíclico

Yang e Song esclareceram no artigo que as informações sísmicas indicam que o núcleo da Terra muda a forma como gira — em relação ao movimento do planeta —, após pausas breves e peculiares, uma vez a cada algumas décadas, e, agora, uma dessas inversões pode estar acontecendo. 

"Um ciclo completo deste movimento dura em torno de sete décadas", o que significa que a direção muda aproximadamente a cada 35 anos, acrescentaram os cientistas à agência de notícias. 

Antes da alteração na rotação de 2009, a última teria ocorrido no início dos anos 1970. A próxima deve ocorrer em meados da década de 2040, completando o ciclo, conforme os pesquisadores chineses. 

Possíveis consequências

O movimento de rotação do núcleo se ajusta, aproximadamente, às mudanças na duração do dia, variações mínimas no tempo exato que a Terra precisa para efetuar uma rotação do próprio eixo, detalham os cientistas.

Até hoje, existem poucas indicações sobre a influência desta rotação na superfície terrestre. No entanto, os dois autores garantem estar convencidos de que existem ligações físicas entre todas as camadas que compõem a Terra. 

WhatsApp do Diário do Nordeste

Viu alguma situação que pode virar notícia? Ou tem alguma sugestão de pauta? Fale com a gente pelo WhatsApp do Diário do Nordeste.