Fármacos também poderão ser utilizados contra o vírus da gripe
Duas medicações submetidas a estudos na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e já aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) teriam o papel de reduzir o tempo de ação dos vírus da Covid-19 e da Influenza em células humanas.
Durante testes realizados em 100 pacientes pelo Núcleo de Biomedicina (Nubimed), o medicamento expectorante N-acetilcisteína (NAC) agiu não só diluindo as secreções produzidas nos pulmões e facilitando a eliminação pelas vias respiratórias, mas apresentou ação antiviral, reduzido o tempo de ação dos vírus.
Já a bromexina aparenta ser um medicamento capaz de interferir na ação de ligação do SARS-CoV-2 com a célula do hospedeiro. Dados recentes de pesquisadores envolvidos no projeto mostram, por meio também de pesquisas in vitro, que a substância conseguiu inibir a replicação do vírus.
“As duas medicações tiveram como efeito não só ação anti-inflamatória em pesquisas laboratoriais, como mostraram atividade antiviral”, informa o coordenador da pesquisa, o coordenador do Nubimed e principal investigador do estudo, professor Aldo Ângelo Lima.
Em termos práticos, ainda de acordo com o professor, significa que, com o uso dessas medicações, seria possível reduzir o tempo de ação dos vírus da Covid-19 e das influenzas nos pacientes, o que deve reduzir drasticamente o número de mortes.
Uso contra o HIV
Nos casos analisados, as medicações bloquearam o ciclo viral e diminuíram a proliferação dos vírus. A ação dos fármacos vai além e, ainda, de acordo com o professor, existem estudos na literatura médica que mostram a ação desses medicamentos na diminuição da proliferação do vírus HIV.
O estudo já teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFC. O professor acredita que, até julho de 2022, a investigação seja concluída e publicada.
“As perspectivas seriam de amplo benefício para a população mundial que, dentro de uma sazonalidade, sofre com síndromes gripais. Se o tempo de duração da doença é reduzido, reduz também o risco de complicação”, conta.
O estudo é realizado na UFC com pacientes da Unidade de Pronto Atendimento do Cristo Redentor, em Fortaleza. Somente na semana passada, foram selecionados cerca de 100 pacientes, de um total que chegará a 300, incluindo pessoas de 18 a 60 anos, e envolve pesquisadores da Escola Paulista de Medicina e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, além da UFC.