Programa modelo

Nas Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP), alunos do Estado do Ceará integram conhecimentos da base comum com experiências técnicas e profissionais.

Legenda: Implantadas em 2008 no Ceará, EEEPs já formaram 76.320 alunos.
Foto: Foto: Agência Diário

A última etapa da educação básica é o Ensino Médio. Nele, os alunos aprimoram os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental I e II e começam a pensar na vida profissional ou nos próximos passos a partir do fim do colégio. Na rede pública de ensino do Estado do Ceará, há um modelo de escola que integra o ensino básico da base nacional comum de Ensino Médio com o ensino técnico profissionalizante. São as Escolas Estaduais de Educação Profissional, as EEEPs.

Implantadas no Estado em 2008 pela Secretaria de Educação (Seduc), as EEEPs atendem alunos da 1ª à 3ª série do Ensino Médio em tempo integral, com 9 horas de aulas por dia, funcionando das 7h às 17h. Antes, não havia escolas com essa modalidade de ensino na rede pública estadual. O programa começou com 25 unidades. Hoje, são 122 EEEPs no Ceará, 21 delas em Fortaleza.

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Desde 2010, ano da primeira graduação de alunos dessas escolas, 76.320 já concluíram os estudos dessa maneira. Atualmente, 50 mil alunos estão matriculados nas unidades, em 98 municípios.

Para conseguirem uma vaga, ainda no 1º ano, os alunos precisam passar por um processo seletivo: além de terem concluído o Ensino Fundamental no ano anterior, as notas da 6ª à 9ª série são avaliadas e há também o critério de proximidade da residência à escola e também depende se os cursos ofertados pela escola são de interesse do estudante. Alunos transferidos também podem procurar uma EEEP para continuar os estudos.

Capacitação
Enquanto concluem os últimos três anos da educação básica, os alunos aprendem, no contraturno, uma profissão. Distribuídas em 98 municípios do Ceará, as EEEPs oferecem aos alunos 52 cursos das mais várias áreas de atuação. Entre eles, estão enfermagem, administração, agronegócio, desenho de construção civil, finanças, hospedagem, transações imobiliárias e produção de áudio e vídeo, conduzidos por professores capacitados e qualificados, com o suporte de laboratórios voltados para algumas práticas.

A experiência profissional é reforçada com a possibilidade de visitas técnicas. No curso de edificações, por exemplo, é possível acompanhar a rotina de um canteiro de obras ou de um escritório de arquitetura. Já aos alunos de hospitalidade é aberta a possibilidade de conhecerem melhor o funcionamento de um hotel.

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Aprendizado
Além de todo o ensino de base comum e técnico, os alunos também têm acesso a uma parte de educação diversificada, que conta com disciplinas curriculares, como empreendedorismo, projeto de vida, mundo do trabalho, formação para a cidadania e língua estrangeira aplicada. Essas disciplinas atuam no aspecto humano e profissional dos alunos, preparando-os não apenas para o mercado, mas também para a vida adulta.

Parte do ensino é destinado a colocar em prática os ensinamentos adquiridos em sala de aula. Para isso, os alunos são direcionados a estágios obrigatórios no segundo semestre do 3º ano. As escolas contam com o apoio de cerca de 4,5 mil empresas parceiras do governo para a viabilização dessas vagas. No total, os alunos devem fazer 400 horas na disciplina de estágio, 300 na empresa e 100 na escola, onde acontecem seminários e palestras de preparação para o início da vida profissional e acompanhamento de atividades com orientadores e supervisores.

Resultados
A EEEP Alda Façanha fica em Aquiraz e oferta os cursos de edificações, eletrotécnica, multimídia, hospedagem e guia de turismo. Inaugurada em 2012, ela atende a cerca de 500 alunos nas três séries do Ensino Médio. A Diretora Sabrina Nepomuceno trabalhou em funções pedagógicas até chegar ao atual cargo e sabe como o ensino profissionalizante tem trazido resultados para a vida dos alunos.

De acordo com ela, o número de estudantes que ingressam no Ensino Superior após passarem pela escola aumenta a cada ano. Em 2018, 51 alunos passaram pelo ProUni, 37 ingressaram na Universidade Estadual do Ceará (Uece), além de outras instituições de ensino.

Sabrina também afirma que a educação das EEEPs já ganhou credibilidade frente à comunidade educacional e às empresas. “Empresas privadas e públicas, comunidade local e famílias já adquiriram confiança no nosso formato”, afirma a Diretora. 

Lívia Helen é aluna da EEEP Alda Façanha, no curso de guia de turismo. Atualmente no 3º ano, ela já está na fase de estágio fazendo guiamentos em um espaço cultural. Ela reafirma o contentamento com o curso. “Vai além do turismo. Temos aula de legislação, ética, noções ambientais, primeiros socorros. Eu imaginava que seria bom, mas superou minhas expectativas”, disse Lívia.

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Em Fortaleza, na EEEP César Campelo, localizada no Conjunto Ceará, os alunos têm a opção de cursar quatro cursos, sendo eles administração, informática, eletrotécnica e mecânica. Esses jovens inseridos no ensino profissionalizante estudam, mas também pensam no futuro e no de suas famílias. O Diretor da unidade, Franklin de Andrade (foto acima), sabe o quanto vale para os aluno. “Desde a criação, as escolas desenham uma realidade promissora para o estudante. Elas conseguem mudar a história de vida das famílias. Conseguem colocar jovens atuantes e com experiência no mercado”, analisa.

Aluna da EEEP César Campelo, Girlany Oliveira faz o curso de eletrotécnica depois de buscar por uma escola de qualidade aliado a uma nova oportunidade de ensino que agregasse conhecimentos. “Não imaginava ter, na minha idade, as oportunidades que tenho na escola. Entrei como aluna comum e sairei com Ensino Médio e técnico concluídos”, conta. Girlany ainda reforça que ouve muito na escola que experiências são sempre bem-vindas e, mesmo que não sigam as áreas dos cursos, os alunos ganham um diferencial essencial para a vida profissional e pessoal.