Base inovadora
Empresas que buscam validar um modelo de negócio sustentável, que cresça em ritmo exponencial e possa ser replicado para qualquer lugar, usando tecnologia: essas são as startups. Veja se esse é um caminho viável para a sua carreira.
Startup é um termo que se popularizou dentro e fora do Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), a palavra diz respeito a uma empresa de base tecnológica ou um modelo de negócio repetível e escalável que possui elementos de inovação e que trabalha em condições de extrema incerteza. Grande parte das startups estão na internet, pois na rede as empresas são mais facilmente propagáveis e a manutenção tem um custo menor. Mas, diferente do que muitos pensam, as startups não se limitam aos negócios digitais.
De acordo com Alexandre Hollanda (foto abaixo), professor nas áreas de Inovação, Empreendedorismo e Gestão de Projetos de Inovação da Unifametro, essas empresas buscam validar um modelo de negócio que possa ser sustentável, que cresça em ritmo exponencial e que possa ser replicado para qualquer lugar, usando tecnologia e aprendendo continuamente, em um mercado de mudanças constantes.
Para o docente, essa é uma modalidade de negócios promissora e que se adapta bem ao cenário atual do mercado. “Mais do que um modismo gerencial, as startups, com suas metodologias ágeis, pensamento enxuto e inovações tecnológicas, chegaram para ficar. Os modelos gerenciais tradicionais já não conseguem lidar com a incerteza e o cenário de mudanças em ritmo exponencial dos tempos atuais”, explica Alexandre Hollanda.
Junto com um sócio, o especialista criou a startup Inova Professor, que tinha o objetivo de montar formações para professores com foco em inovação e metodologias ativas. No entanto, o negócio não prosseguiu. “Faturamos, fechamos clientes, contudo falhamos como time e na nossa busca de tornar o negócio sustentável, escalável e repetível”, conta.
Hoje, a iniciativa continua, mas no formato de comunidade colaborativa de 170 professores de escolas e universidades de várias partes do país que troca práticas, materiais e se ajuda na tarefa de inovar na educação.
Sobrevivência
No último levantamento realizado em Fortaleza pela Abstartups, em 2018, havia 118 startups em operação. Mas, segundo Alexandre Hollanda, é grande o risco de empresas como essas fecharem nas fases iniciais. “O índice de mortalidade das startups, principalmente em suas fases iniciais, é altíssimo, em torno dos 90%”, explica.
Apesar de não ter continuado com o negócio, a experiência trouxe aprendizado para o professor. “Uma lição é que nem todo negócio inovador será uma startup. Mais do que isso, é preciso pensar como uma e adotar metodologias ágeis para sobreviver”, relata.
Para obter sucesso com as startups, além de estruturar o modelo de negócio, são necessárias algumas habilidades e conhecimentos para o profissional. De acordo com Marília Diniz, Analista do Sebrae, indicam-se três tipos de conhecimentos para quem deseja montar uma startup: hipster, hacker e hustler.
O hipster diz respeito ao entendimento das necessidades do consumidor para criar, comunicar e empacotar um produto fácil de entender e consumir. Por sua vez, o conhecimento hacker se refere à criação de soluções em várias linguagens de programação para tornar a startup real. Por fim, o hustler é o conhecimento responsável por cuidar da parte de vendas.
Segmentos
Alexandre Hollanda observa que existem startups em diversas áreas, como saúde, educação, direito e finanças. Contudo, as habilidades ou competências necessárias e essenciais são as mesmas. “Alguns exemplos são: criatividade, inteligência intrapessoal (autoconhecimento), relacionamento (rede e relacionamento interpessoal), resiliência (lidar com a pressão), inteligência emocional, liderança, empatia e comunicação”, explica o professor.
Os interessados em seguir nessa carreira precisam ter atenção em alguns aspectos, em especial na proposição de soluções. Para Marília Diniz, o profissional deve definir um problema a ser resolvido, buscar soluções e conversar com o cliente com o intuito de testar hipóteses. “A partir disso, é possível pensar em uma solução para resolver o problema, fazer testes para entender o melhor caminho e repetir o ciclo de planejar, agir, fazer, avaliar e aprender, para estar sempre em evolução”, explica a Analista do Sebrae-CE.
Mercado
Já Alexandre Hollanda orienta que é necessário desenvolver uma solução para um mercado que deseja realmente comprar seu produto. “Como fazer isso? Ouvindo e aprendendo com o cliente continuamente. Por isso, realizar uma validação bem feita do problema e da solução permite ganhar tempo e fazer os ajustes necessários”, explica.
Outro ponto destacado pelo professor é desenvolver um mínimo produto viável (MPV), medindo resultados, corrigindo, aprendendo e testando. Por fim, outro ponto importante é o desafio de montar um time engajado, com habilidades complementares.
Antes de iniciar uma startup, pode-se buscar ajuda especializada. No Sebrae, há um programa chamado Sebrae StartupCE, uma pré-aceleração que atende a startups e projetos inovadores nas fases de ideação e operação. O programa atua em ciclos semestrais e seleciona, em média, 25 projetos acompanhados em módulos de workshop, com temáticas relevantes, consultorias e mentorias. Além desse apoio, há o demoday, evento de aproximação dos projetos e startups acompanhadas com possíveis investidores por meio da apresentação de pitchs. "Além disso, a instituição tem um curso intitulado Empretec, que visa trabalhar as características empreendedoras. Recomendo o curso aos que pretendem empreender ou já empreendem", orienta Alexandre Hollanda.